A colheita de açaí na Amazônia, uma atividade essencial para a economia local, mas marcada por graves riscos, está diante de uma revolução tecnológica. Um novo equipamento desenvolvido em Belém (PA), batizado de “Açaíbot”, promete transformar a rotina dos agricultores familiares, substituindo a perigosa escalada manual por um sistema robótico seguro e eficiente.
A inovação foi apresentada na última semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante uma visita a um assentamento na Ilha Grande, e surge como uma alternativa direta à prática tradicional que coloca a vida dos trabalhadores em risco.
O equipamento, fabricado pela empresa local Açaí Kaa, foi projetado para triplicar a produtividade, com capacidade para colher até 1 tonelada de açaí por dia. Além de aumentar a renda das famílias extrativistas, o objetivo principal é eliminar o risco humano da atividade.
O risco da colheita de açaí tradicional
Para entender a importância do Açaíbot, é preciso conhecer o ofício do peconheiro. Estes trabalhadores são os responsáveis por escalar os açaizeiros, que podem atingir de 20 a 25 metros de altura, para coletar os cachos maduros.
O trabalho exige imensa habilidade física, força e equilíbrio, mas é feito usando apenas a “peconha” – um instrumento rudimentar, geralmente feito de fibras vegetais ou borracha, que amarra os pés do trabalhador para ajudá-lo a “abraçar” o tronco e subir.
Apesar de ser uma ferramenta indispensável e tradicional, passada por gerações, a peconha não oferece segurança. Os troncos finos e muitas vezes escorregadios tornam a atividade extremamente perigosa. Quedas são comuns e podem resultar em lesões graves, invalidez permanente ou até mesmo a morte, um risco diário enfrentado por milhares de extrativistas na região amazônica.
A Solução do Açaíbot para a colheita de açaí
O Açaíbot ataca diretamente este problema. O equipamento é portátil, podendo ser transportado em uma mochila, e operado inteiramente por controle remoto, mantendo o trabalhador seguro no solo.
Vídeos de demonstração da fabricante mostram o processo: o operador aciona o movimento de atracação do robô, que se ajusta e se fixa ao tronco do açaizeiro. Um cinto e uma mola de segurança garantem a estabilidade. Pelo mesmo controle, o peconheiro opera o coletor e uma serra elétrica acoplada na parte superior do robô, que sobem até o topo da árvore, cortam os cachos e os recolhem com segurança.
Financiamento facilitado para o agricultor familiar
Uma das principais barreiras para a adoção de tecnologia no campo é o custo, mas o Açaíbot foi pensado especificamente para a agricultura familiar. O equipamento está disponível para financiamento através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf B).
O robô tem um custo de R$ 19 mil, mas pode ser adquirido com descontos de até 40% através da linha de microcrédito. Instituições como o Banco da Amazônia (Basa), Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco do Nordeste estão habilitadas para operar o financiamento.
O Pronaf B é destinado a agricultores familiares com renda bruta anual de até R$ 20 mil. A linha oferece condições extremamente vantajosas para o investimento em equipamentos que melhorem a infraestrutura e a produtividade, com taxas de juros reduzidas, de cerca de 0,5% ao ano, e prazos de pagamento acessíveis.
A chegada do Açaíbot representa um equilíbrio entre a preservação cultural e a segurança humana. A colheita de açaí continuará sendo o sustento de milhares de famílias, mas a inovação permite que a tradição do extrativismo evolua, garantindo que o peconheiro possa realizar seu trabalho sem arriscar a própria vida.
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