O médico Humberto Fuertes Estrada teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça do Amazonas na última quarta-feira (26). O profissional é o principal investigado em um inquérito que apura a prática de homicídio qualificado, decorrente da morte de um recém-nascido no município de Eirunepé, localizado no interior do estado. A decisão judicial atende a um pedido da Polícia Civil, que identificou indícios de fuga e negligência médica grave.
O caso ocorreu no último sábado (22), no Hospital Regional de Eirunepé Vinícius Conrado. Segundo as investigações preliminares, uma adolescente de 18 anos deu entrada na unidade hospitalar por volta das 4h da manhã, em trabalho de parto. A equipe de enfermagem tentou contatar o médico, que estava de sobreaviso, mas não obteve resposta imediata. Relatos apontam que a direção do hospital chegou a enviar uma ambulância à residência do profissional e a prefeitura tentou contato telefônico, ambos sem sucesso.
Humberto Fuertes só teria comparecido ao hospital cerca de cinco horas depois, por volta das 9h. O parto foi realizado tardiamente e, tragicamente, o bebê não resistiu. Testemunhas afirmam que a criança teria aspirado mecônio (fezes) e restos de placenta, vindo a falecer aproximadamente uma hora após o nascimento.
A investigação e a rota de fuga do médico
Após a constatação do óbito e a repercussão do caso na cidade, o médico foi conduzido à delegacia de Eirunepé para prestar esclarecimentos. No entanto, as autoridades policiais descobriram que, logo após ser ouvido, o investigado deixou o município.
O delegado Yezuz Pupo, responsável pelo caso, detalhou a movimentação do suspeito. A Polícia Civil apurou que, no dia seguinte ao falecimento do neonato e após a repercussão midiática do fato, o investigado evadiu-se de Eirunepé, mudando-se para o município de Feijó, no estado do Acre. Essa movimentação foi comprovada pela lista de passageiros de uma empresa aérea e pelo comprovante de pagamento da passagem.
Diante da confirmação da viagem não comunicada às autoridades, a polícia solicitou a prisão preventiva, argumentando o risco à aplicação da lei penal. O juiz Odílio Neto deferiu o pedido, destacando em sua decisão a gravidade do crime imputado e os fortes indícios de negligência profissional.
Decisão judicial aponta risco à ordem pública
O magistrado foi enfático ao justificar a necessidade da medida cautelar. Em sua decisão, o juiz Odílio Neto ressaltou que a manutenção do representado em liberdade poderia gerar grave perturbação social e facilitar a prática de novos delitos. Além disso, o juiz apontou o “periculum libertatis” (perigo da liberdade), evidenciado pela fuga do médico para outro estado sem qualquer comunicação prévia à Justiça.
Além da ordem de prisão, foi determinada a suspensão imediata do exercício da função pública de Humberto Fuertes Estrada, bem como de suas atividades médicas. Até o fechamento desta reportagem, o profissional não havia sido localizado e permanece na condição de foragido da Justiça. O portal g1 informou que tenta contato com a defesa do médico, mas ainda não obteve retorno.
Posicionamento das autoridades de saúde
A Secretaria Municipal de Saúde de Eirunepé emitiu uma nota oficial lamentando o ocorrido. O órgão informou que a família da gestante está recebendo toda a assistência necessária, incluindo acompanhamento multiprofissional da rede de saúde local.
A nota reitera que o profissional foi imediatamente afastado de suas funções no Hospital Regional de Eirunepé Vinícius Conrado. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) também acompanha o desenrolar das investigações. A comunidade local, abalada pela tragédia, aguarda o cumprimento do mandado de prisão e a elucidação completa dos fatos que levaram à morte prematura do bebê.
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