Um caso de violência doméstica chocou a população de Manaus e mobilizou as autoridades de segurança pública nesta semana. Um homem de 52 anos foi preso em flagrante na última quarta-feira (26), acusado de submeter o próprio filho, um adolescente de apenas 13 anos, a sessões de tortura física e psicológica. Em depoimento à Polícia Civil, o suspeito confessou que utilizava pimenta no corpo do jovem como método de punição, além de agredi-lo fisicamente com pedaços de madeira e cordas.
A prisão ocorreu após as investigações apontarem que as agressões eram recorrentes e causaram danos severos à saúde do menino. Segundo os relatórios médicos e policiais, a violência foi tamanha que o adolescente perdeu temporariamente a capacidade de caminhar e sofreu lesões sérias nos órgãos internos, especificamente nos rins.
Avó percebe hematomas e denúncia revela sequência de violência
O ciclo de violência, que ocorria dentro da residência onde o pai vivia com o filho, só foi interrompido graças à perspicácia e preocupação da avó do adolescente. De acordo com a Delegada Mayara Magna, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), a avó foi a primeira familiar a suspeitar que algo estava errado.
Durante uma visita ao neto, ocorrida no dia 2 de novembro, ela notou a presença de diversos hematomas espalhados pelo corpo do garoto. A situação se agravou rapidamente quando o menino foi levado para a casa da mãe. Longe do agressor, os sintomas das lesões internas começaram a se manifestar de forma alarmante. O adolescente passou a apresentar sangue na urina e uma incapacidade progressiva de firmar as pernas para andar.
Diante do quadro crítico, a família buscou atendimento médico urgente. Os exames clínicos e de imagem realizados na unidade hospitalar confirmaram as suspeitas da polícia: as lesões internas não eram acidentais, mas sim compatíveis com agressões físicas contínuas e de forte impacto.
Pai alega que usava pimenta e tortura como “correção”
Durante o interrogatório na delegacia, a frieza do relato do pai chamou a atenção dos investigadores. Ao ser questionado sobre os motivos que o levavam a agredir o filho com tamanha violência, o homem alegou que “não concordava com a postura” do adolescente.
O suspeito tentou justificar seus atos afirmando que buscava apenas “corrigir o comportamento do filho”. Em sua versão, ele admitiu o uso de pimenta como forma de castigo ardiloso e confessou as agressões físicas, embora tenha tentado minimizar o uso de instrumentos contundentes, alegando ter usado uma corda em vez de madeira em certas ocasiões. O depoimento da vítima, no entanto, contradiz a tentativa de suavização do pai. O menino relatou que também era espancado por demonstrar saudade da mãe, com quem era impedido de conviver livremente pelo genitor.
Prisão preventiva e estado de saúde da vítima
A Polícia Civil agiu com rapidez diante da gravidade dos fatos e do risco iminente que o adolescente corria. Havia indícios de que o pai planejava retirar o filho do hospital à força, o que acelerou o pedido de prisão preventiva à Justiça, que foi prontamente acatado.
O homem agora encontra-se detido e à disposição do Poder Judiciário. Ele responderá pelo crime de lesão corporal qualificada no contexto de violência doméstica, podendo ter a pena agravada devido à natureza cruel dos castigos, como o uso de pimenta, que configura tortura.
Para garantir a segurança da família, foi concedida uma medida protetiva de urgência em favor da mãe do adolescente. A polícia continua as investigações para averiguar se os outros filhos do suspeito, que também residem com ele, sofreram algum tipo de abuso, embora, até o momento, não haja indícios confirmados de agressões contra eles.
O estado de saúde do adolescente de 13 anos ainda inspira cuidados. Ele permanece internado, lutando contra uma infecção urinária decorrente das lesões renais e recuperando-se dos traumas físicos que o impedem de andar. O caso serve como um alerta doloroso sobre a importância da denúncia em casos de suspeita de maus-tratos infantis.
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