Após violar monitoramento eletrônico, o ex-diretor da PRF foi detido em Assunção por ordem de Alexandre de Moraes; plano de fuga incluía viagem terrestre e documento falsificado
O ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, foi preso na madrugada desta sexta-feira (26) durante uma operação internacional de segurança. A captura ocorreu no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, capital do Paraguai. O alvo da operação tentava embarcar em um voo comercial com destino a El Salvador, na América Central, quando foi interceptado pelas autoridades. A detenção cumpre uma ordem de prisão preventiva expedida com urgência pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a confirmação de que o investigado havia rompido as condições de sua liberdade provisória.
A movimentação que levou à prisão do ex-diretor da PRF começou a ser monitorada quando a Polícia Federal brasileira identificou uma falha crítica no sinal da tornozeleira eletrônica que ele utilizava. Os sistemas de rastreamento via GPS e GPRS pararam de emitir localização, sugerindo inicialmente uma possível falta de bateria. Diante do silêncio eletrônico, equipes foram enviadas imediatamente ao endereço residencial do ex-chefe da corporação em São José, Santa Catarina. A ausência dele no local disparou o alerta vermelho nas agências de inteligência e controle de fronteiras.
Investigação detalha a rota de fuga do ex-diretor da PRF
As diligências revelaram que a saída do país foi meticulosamente planejada. Imagens recuperadas do circuito interno de segurança do prédio onde morava o ex-diretor da PRF mostram que ele deixou o apartamento na noite de 24 de dezembro. Vasques não saiu apenas com uma muda de roupa, mas carregando diversas malas, pertences pessoais e seu cachorro, levando inclusive materiais específicos para o transporte aéreo do animal. Após essa saída na véspera de Natal, ele não retornou mais ao imóvel.
Para evitar ser rastreado pelas câmeras de leitura de placas nas rodovias, o ex-diretor da PRF optou por não utilizar seu veículo particular. As investigações apontam que ele alugou um automóvel de terceiros para realizar o deslocamento terrestre de Santa Catarina até a fronteira paraguaia. Essa manobra de contrainteligência reforçou para o STF a tese de que havia uma intenção clara e deliberada de fuga, e não apenas um deslocamento acidental ou falha técnica no equipamento de monitoramento.
Já em solo paraguaio, o cerco se fechou. Ao tentar realizar o check-in e passar pelos controles migratórios do aeroporto de Assunção, o ex-diretor da PRF apresentou um passaporte paraguaio falsificado. A documentação irregular foi detectada graças ao compartilhamento de informações entre a Polícia Federal do Brasil e as autoridades de segurança do Paraguai, que já estavam de prontidão aguardando uma possível tentativa de embarque.
A decisão judicial e a quebra de confiança
A ordem de prisão preventiva assinada por Alexandre de Moraes baseou-se na violação flagrante das medidas cautelares. O ministro destacou que a conduta do ex-diretor da PRF demonstrou total desrespeito às ordens judiciais. “A fuga do réu, caracterizada pela violação das medidas cautelares impostas sem qualquer justificativa, autoriza a conversão das medidas cautelares em prisão preventiva”, afirmou Moraes na decisão.
Vale lembrar que o ex-diretor da PRF havia sido condenado na semana anterior pela Primeira Turma do STF a uma pena de 24 anos e seis meses de prisão, acusado de participação em tentativa de golpe de Estado e uso da máquina pública para fins eleitorais. Ele aguardava o julgamento de recursos em liberdade, condição que foi revogada imediatamente após a tentativa de evasão do distrito da culpa.
Procedimentos de extradição e custódia
Com a prisão formalizada, as autoridades paraguaias iniciaram os trâmites para a entrega do ex-diretor da PRF ao Brasil. O planejamento operacional prevê que ele seja conduzido até a Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), onde será entregue à Polícia Federal.
De Foz do Iguaçu, o ex-diretor da PRF será transferido para Brasília. Na capital federal, ele deverá passar a noite na carceragem da Superintendência da Polícia Federal. O local é o mesmo onde o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpria pena antes de ser transferido para tratamento médico. O retorno de Vasques ao sistema prisional marca o fim de sua breve tentativa de exílio e o início do cumprimento da pena em regime fechado, agora com a agravante do risco de fuga comprovado.
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