Relatório aponta mais de mil óbitos de crianças indígenas no estado entre 2019 e 2022
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou um relatório preocupante sobre a mortalidade infantil indígena no Brasil, revelando que o estado do Amazonas registrou o maior número de óbitos entre crianças de 0 a 4 anos. Durante o período de 2019 a 2022, foram documentadas 1.014 mortes nessa faixa-etária no estado. O levantamento foi baseado em dados da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) vinculado ao Ministério da Saúde e de secretarias estaduais de saúde.
Tragédia evitável: 132 óbitos sem assistência médica
O relatório do Cimi também revelou uma triste realidade: 132 das mortes de crianças indígenas ocorreram sem qualquer assistência de saúde. A nível nacional, o número total de óbitos de crianças indígenas nessa mesma faixa-etária entre 2019 e 2022 foi de 3.552.
Principais causas das mortes evitáveis
As principais causas das mortes apontadas no relatório são consideradas evitáveis, incluindo influenza e pneumonia, desnutrição e anemias nutricionais, diarreia, gastroenterite, doenças infecciosas intestinais, doenças bacterianas e septicemia. Essas fatalidades ressaltam a urgência de ações para melhorar a assistência médica e as condições de vida nas comunidades indígenas.
Preocupação com a segurança dos adultos indígenas
Além das trágicas mortes de crianças, o relatório também destaca a violência sofrida pelos indígenas adultos entre 19 e 59 anos. Nos últimos três anos, o Amazonas registrou 163 assassinatos nessa faixa-etária, colocando-o em segundo lugar, atrás apenas de Roraima, que contabilizou 208 assassinatos no mesmo período.
Conflitos territoriais e falta de regularização
O relatório também evidencia a situação de conflitos relacionados aos direitos territoriais das comunidades indígenas. No Brasil, houve 158 casos de conflitos territoriais, com 15 deles ocorrendo no Amazonas. O estado também possui 191 terras indígenas sem providências para regularização, o que representa um obstáculo para a proteção desses territórios.
Terras indígenas ameaçadas
Entre as terras indígenas com maior número de conflitos estão a Waimiri-Atroari, afetada pela mineração, e a Soares/Urucurituba, habitada pelo povo mura, assediada por uma mineradora. Além disso, há preocupações com a renovação da portaria de restrição de uso na Jacareúba/Katawixi e a falta de proteção da área de povos isolados em Mamoriá.
Invasões e exploração ilegal de recursos
O Amazonas também enfrenta invasões possessórias, com 49 casos de exploração ilegal de recursos naturais e danos ao patrimônio em terras indígenas.
O relatório do Cimi revela uma situação alarmante para as comunidades indígenas no estado do Amazonas, destacando a necessidade urgente de ações e políticas que garantam a segurança e o bem-estar desses povos.
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Com informações do Atual*
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