A proteção da Amazônia ganhou um reforço internacional significativo nesta terça-feira (4). O Príncipe William anunciou, durante a quarta Cúpula Global United for Wildlife, realizada no Rio de Janeiro, uma nova e robusta parceria internacional. O foco principal é a proteção dos povos indígenas e dos defensores ambientais que atuam na Amazônia brasileira. O evento, que reuniu mais de 400 parceiros globais, serviu de palco para o lançamento desta aliança estratégica em um momento crítico para a região.
A iniciativa une o programa United for Wildlife, da The Royal Foundation (liderado pelo príncipe), à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Juntam-se a eles o Fundo Podáali, a Rainforest Foundation Norway (RFN) e a organização Re:wild.
Uma aliança estratégica contra o crime ambiental
O objetivo central desta nova aliança é enfrentar de forma direta o alarmante aumento da violência e do crime ambiental na Amazônia. Os dados apresentados durante a cúpula são graves: somente em 2024, a devastação na floresta amazônica já ultrapassou a marca de 1,7 milhão de hectares.
Paralelamente à destruição ambiental, a violência contra os protetores da floresta escalou. Foram registrados 393 casos de agressões e assassinatos entre 2023 e 2024. Organizações presentes no evento destacaram um dado alarmante: comunidades indígenas e afrodescendentes representam cerca de um terço de todas as vítimas mortas ou desaparecidas nesse contexto sombrio.
A urgência dessa proteção é justificada não apenas pela crise humanitária, mas também pela eficácia comprovada: dados de organizações presentes na Cúpula indicam que o desmatamento em terras indígenas é até 83% menor do que em áreas desprotegidas da Amazônia.
Príncipe William: “Não podemos gerir florestas com protetores com medo”
Em seu discurso na Cúpula Global, o Príncipe William foi enfático ao conectar a proteção ambiental à segurança humana, sublinhando a impossibilidade de dissociar as duas pautas.
“Não podemos gerir as nossas florestas enquanto os seus protetores vivem com medo. E não podemos proteger os defensores ambientais sem proteger os territórios que defendem”, declarou o príncipe.
A nova parceria, segundo ele, atuará em frentes práticas para mudar essa realidade. O plano buscará fortalecer os sistemas de segurança liderados pelos próprios indígenas, oferecer assistência jurídica especializada e, de forma crucial, garantir apoio de emergência imediato aos que sofrem ameaças diretas por sua atuação em defesa do território.
Foco na proteção da Amazônia
A aliança anunciada por William pretende eliminar barreiras críticas à segurança dos líderes indígenas em nove Estados da Amazônia brasileira. Para isso, dois pilares são centrais: a expansão do acesso a apoio jurídico e a criação de um fundo de resposta emergencial.
Este fundo de emergência é um dos componentes mais práticos da iniciativa. Ele foi desenhado para permitir ações rápidas e vitais para a sobrevivência dos defensores. Entre as ações previstas estão:
- Evacuações de emergência de indivíduos e famílias de áreas de risco.
- Fornecimento de equipamentos para comunicações seguras.
- Instalação de casas de proteção temporárias.
- Envio de ajuda humanitária imediata para quem estiver em perigo iminente.
Além dessas medidas práticas de segurança, a iniciativa prevê ampliar a visibilidade internacional sobre a urgência da garantia dos direitos indígenas. Também será fortalecido o monitoramento de ameaças por meio de uma plataforma de dados compartilhados, permitindo uma resposta mais coordenada e preventiva contra o crime organizado.
Liderança da Coiab na parceria
A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), que representa cerca de 750 mil indígenas ocupando 110 milhões de hectares de territórios na Amazônia brasileira, é uma parte central e ativa da parceria.
Para a coordenadora executiva da Coiab, Toya Manchineri, o projeto é um passo essencial e urgente. “A segurança daqueles que defendem as florestas com as suas próprias vidas deve ser central nas discussões globais. Para nós, povos indígenas, o território é sagrado: é onde o espiritual e o material se unem, sustentando o nosso bem-estar e a preservação do nosso planeta”, afirmou Manchineri.
Tom Clements, diretor executivo da United for Wildlife, reforçou esse ponto. Ele destacou que o grande diferencial da iniciativa é o fato de ser construída e liderada por mecanismos de execução governados pelos próprios indígenas.
“Proteger a terra, os territórios e os recursos dos povos indígenas é uma das formas mais eficazes de proteger a natureza e combater as alterações climáticas”, disse Clements. Esse protagonismo indígena, segundo ele, reforça a autonomia e a eficácia das ações de proteção na Amazônia.
Cúpula no Rio anuncia outros compromissos globais
A quarta Cúpula Global United for Wildlife no Rio de Janeiro gerou outros compromissos relevantes para o combate ao crime ambiental. Foi anunciada uma declaração ministerial histórica, coordenada pelo programa, reunindo mais de uma dúzia de países em torno de medidas conjuntas.
O governo do Brasil, presente no evento, anunciou a formação de uma coalizão governamental. O objetivo é criar um marco jurídico vinculante (obrigatório) de combate ao crime ambiental em nível nacional.
A Noruega, por sua vez, prometeu um investimento substancial de 23 milhões de dólares na expansão do programa LEAP, uma importante parceria com a Interpol e o UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime).
O setor privado latino-americano também aderiu aos compromissos. Líderes empresariais, incluindo Natura, Avianca, Gol Linhas Aéreas e EB Capital, endossaram a cúpula, comprometendo-se com princípios de combate ao crime ambiental em suas operações.
A conclusão do evento foi clara, resumida nas palavras do Príncipe William: “Devemos proteger os protetores se quisermos garantir o futuro destes ambientes críticos”.
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