Pesquisa realizada por cientistas do Inpa analisa como o alagamento e o isolamento das ilhas afetam a diversidade de formigas na região amazônica
Uma pesquisa científica conduzida por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) investigou como as características ambientais das ilhas fluviais do Arquipélago de Anavilhanas, em Novo Airão, influenciam o deslocamento e a diversidade de formigas aladas. O estudo analisou a dinâmica de dispersão desses insetos em ilhas e florestas de terra firme, considerando o impacto das cheias do Rio Negro.
A pesquisa foi coordenada pela doutora em Ciências Biológicas e Entomologia, Itanna Oliveira Fernandes, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência.
Cheias do Rio Negro influenciam diversidade de formigas
A pesquisa demonstrou que a subida anual das águas do Rio Negro afeta diretamente a diversidade das formigas, já que muitas espécies constroem seus ninhos no solo e perdem seus habitats durante a inundação. Segundo a pesquisadora, essa dinâmica induz o deslocamento de algumas espécies para as copas das árvores, evidenciando uma possível adaptação ao novo ambiente arbóreo. No entanto, a baixa diversidade registrada sugere que nem todas as espécies conseguem sobreviver a essa mudança.
“Percebemos uma plasticidade comportamental em algumas espécies, mas a maioria parece não ter sucesso ao se adaptar à nova condição. Isso pode estar relacionado ao seu hábito de nidificação em solo”, explica Itanna Fernandes.
Distribuição das espécies não é determinada pela distância entre ilhas
O estudo revelou que a distância entre as ilhas não foi um fator determinante na variação da composição das espécies. A principal influência observada foi o pulso de inundação, que modifica periodicamente o habitat das formigas. Mesmo com diferenças na composição taxonômica entre ilhas e margens, as espécies presentes eram, em grande parte, semelhantes.
Amostragem em 10 sítios revela riqueza de espécies
A equipe de pesquisa coletou mais de 2,3 mil formigas, pertencentes a oito subfamílias, 49 gêneros e 136 espécies diferentes. A coleta foi feita em dez pontos de amostragem, sendo oito ilhas e duas áreas de terra firme. Os métodos incluíram armadilhas de interceptação de voo e coleta de serrapilheira ao longo de 500 metros em cada local.
Durante o período reprodutivo, as formigas desenvolvem asas — tanto machos quanto rainhas — e realizam voos nupciais, fator determinante para o deslocamento entre ilhas.
Continuidade da pesquisa e novas análises
A pesquisadora destaca que os dados obtidos servirão para análises estatísticas e filogenéticas mais aprofundadas. Um novo projeto foi submetido para dar continuidade à investigação, incluindo a análise genética das formigas, com apoio de bolsistas financiados pela Fapeam.
Programa Amazônidas incentiva mulheres na ciência
O estudo integra o Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência, criado para incentivar a representatividade feminina na produção científica no Amazonas. Lançado em 2021, o programa já investiu mais de R$ 25 milhões em 12 editais exclusivos para pesquisadoras da capital e do interior do estado. De 2019 a 2024, 10.595 cientistas mulheres foram contempladas em editais da Fapeam.
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