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Trabalhar, aprender e se divertir: Lições de Domenico De Masi para a vida.

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Nessa semana, fomos surpreendidos com a notícia da morte do sociólogo italiano Domenico De Masi, autor de uma obra best seller que aborda o famoso e necessário ócio criativo, aos 85 anos, em Roma. Domenico veio diversas vezes ao nosso país, concedeu várias entrevistas ao longo dos anos aos veículos de comunicação brasileiros e explicou sua teoria: O ócio criativo não significa não fazer nada, mas compreende a busca por um tempo equilibrado, nesses dias tão corridos, entre trabalho, estudo e lazer. Significa, portanto, fazer essas três coisas juntas na vida: trabalhar, aprender e se divertir.

Se você faz isso, está praticando, mesmo que sem saber, o ócio criativo. Para De Masi, pessoas que equilibram esses pilares de forma igualitária são pessoas mais felizes, mais equilibradas e mais satisfeita em todos os âmbitos da vida, além de mais produtivas em seu próprio trabalho.

O ócio por si só é um estado de repouso, é o “dolce far niente”, é a ausência de atividades laborais, um momento para o descanso livre das obrigações diárias. Já o ócio criativo é uma forma de gerar inspiração, de ampliar as nossas reflexões, de melhorara criação das nossas artes, a produção intelectual e a evolução cultural da sociedade.

Para o autor, o período industrial já passou e estamos vivendo uma época pós-industrial. Por essa razão, é tempo de entender que as horas no local de trabalho não são mais importantes do que o resultado final dele. Nessa sociedade pós-industrial, valores como a criatividade, a qualidade de vida, a estética, a emotividade, a ausência de distinção entre trabalho para homem e trabalho para mulher e a sociabilidade são os mais importantes. Fato é que essa é uma era de maior tempo livre, razão pela qual temos que lidar com ele da forma mais sábia e prazerosa possível.

Temos, hoje, uma cobrança cada vez maior por altos índices de produtividade, profissionais cada vez mais workaholics, ritmos de trabalho cada vez mais acelerados, alinhados ao imediatismo das redes sociais, ao recorrente “fear of missing out” – síndrome do medo de deixar passar alguma coisa ou ficar de fora, principalmente no mundo digital, dentre outras questões que não nos permitem desacelerar, que não permitem expressar nossa criatividade, nossos sonhos, nossos talentos. É aí que a prática de equilibrar os pratinhos do trabalho e do estudo com formas de nos divertir nos ajuda a sermos pessoas mais equilibradas, mais confiantes e mais felizes no nosso dia a dia.

Amigo do Presidente Lula, Domenico De Masi o visitou na prisão em Curitiba, e Lula esteve com ele recentemente na Itália. Ao saber do falecimento do sociólogo, o presidente disse que estava triste e surpreso, já que no último encontro dos dois o amigo estava “animado, com análises inteligentes e cheio de ideias e planos”. Disse, ainda, que ele era um “intelectual incansável e homem público apaixonado, sempre foi um defensor das causas sociais, do avanço das conquistas humanas e de um mundo mais justo e solidário”.

Em uma de suas vindas ao Brasil, em entrevista ao apresentador Jô Soares,Domenico De Masi disse: “Espero que o ócio criativo não seja confundido com não fazer nada. Hoje, ócio criativo significa trabalhar, se divertir e aprender”. Em outra ocasião, para o apresentador Pedro Bial, De Masi afirmou: “O ser humano não foi feito para trabalhos cansativos, para trabalhos brutais ou entediantes. Ele foi feito para trabalhos criativos. Quando o trabalho é criativo, ele não é trabalho”.

Precisamos, definitivamente, aprender e internalizar as lições deixadas em vida pelo sociólogo italiano se quisermos dias melhores pela frente. É possível trabalhar, aprender e se divertir se soubermos dosar quanto tempo passaremos em cada uma dessas atividades sem que alguma delas seja deixada de lado e, assim, ver nossa capacidade de exercitar nossos talentos ser expandida. Encerro esta coluna com as palavras de Oscar Niemeyer que eram lembradas por Domenico De Masi e por ele foram citadas a jornais italianos: “O que importa não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos mudar”.

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