A revista norte-americana Science publicou, na quinta-feira (12), um artigo assinado por cientistas indígenas da Região do Alto Rio Negro, no Amazonas. O texto, intitulado “Indigenizando a ciência da conservação para uma Amazônia sustentável” é assassinado por cientistas dos povos Tukuya, Tukano, Bará, Baniwa e Sateré-Mawé, além de pesquisadores não indígenas.
O trabalho, assinado por Carolina Levis, Justino Rezende, João Paulo Barreto, Silvio Barreto, Francy Baniwa, Clarinda Sateré-Mawé, Fábio Zuker, Ane Alencar, Miqueias Mugge, Rodrigo Moraes, Agustín Fontes, Marina Hirota, Carolos Fausto e João Biehl, fala sobre o conhecimento dos indígenas da Região do Alto Rio Negro e como isso pode impactar na ciência e também na conservação da biodiversidade da Amazônia.
“As comunidades científicas devem fazer tentativas sérias para estabelecer procedimentos para colaboração transdisciplinar e intercultural, envolvendo povos indígenas e suas teorias e práticas para efetivamente aumentar e melhorar a pesquisa, a política e a ação de conservação”, diz um trecho do artigo.
A pesquisa também fala sobre a importância da Amazônia como um campo de promoção do diálogo entre as ciências ocidentais e indígenas.
“A Amazônia armazena entre 150 e 200 bilhões de toneladas de carbono em seu solo e vegetação e abriga mais de 410 grupos étnicos indígenas distintos que detêm direitos territoriais sobre 27% da região”, completa o estudo.
“Esses povos diversos desenvolveram um profundo conhecimento ecológico da dinâmica florestal e contribuíram para ecologias florestais sustentáveis por mais de 12.000 anos. A rede existente de territórios indígenas reflete a resiliência dos povos indígenas sobreviventes após séculos de genocídio e epistemicídio”, explica.
Por fim, os pesquisadores também abordam as práticas realizadas pelos indígenas do Alto Rio Negro “para estabilizar o mundo e garantir que ele permaneça o mais equilibrado possível”.
“Nas perspectivas indígenas que apresentamos, os humanos são encarregados de cuidar da terra e criar um ambiente saudável para a coexistência, oferecendo nutrição que pode ajudar todos os participantes do ecossistema”, finaliza.
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