As denúncias feitas pelo influenciador Felca Bress, em vídeo publicado na última semana, chamaram a atenção para os riscos que as redes sociais representam para crianças e adolescentes, especialmente pela ausência de regulação sobre o uso de imagens de menores nesses ambientes virtuais. As cenas expostas chocaram a sociedade e provocaram reação do Congresso Nacional, da Presidência da República e de diversos setores.
Diante desse cenário, especialistas ouvidos pela Agência Brasil reforçam a importância da proteção digital de crianças e adolescentes. Pais, mães e responsáveis devem adotar medidas de segurança e também contar com o apoio de escolas, serviços de assistência social e demais equipamentos públicos para garantir os direitos dessa população.
Redes sociais e classificação indicativa
De acordo com Sheylli Caleffi, escritora, palestrante e ativista contra a violência sexual online, respeitar a classificação indicativa das plataformas é um dos primeiros passos:
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Instagram: não recomendado para menores de 16 anos
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TikTok e WhatsApp: proibidos para menores de 13 anos
Ela alerta que cabe aos responsáveis informar corretamente a idade dos filhos e revisar as configurações de privacidade, já que as plataformas não exigem verificação. “O ideal é manter as contas privadas, especialmente quando há imagens de crianças ou adolescentes, permitindo acesso apenas a pessoas autorizadas”, orienta.
Pesquisa aponta uso intenso da internet por jovens
Um estudo do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação)revelou que 93% da população brasileira de 9 a 17 anos utiliza a internet — cerca de 24,5 milhões de pessoas. Desse total, 83% possuem perfil em redes sociais, e 30% relataram contato com desconhecidos online, aumentando os riscos de exposição.
Cuidado ao postar fotos de crianças nas redes
Mesmo que crianças não tenham perfis próprios, familiares podem colocá-las em risco ao postar fotos em suas contas. Para Caleffi, as redes sociais funcionam como “redes de comércio”, e não como álbuns de família.
“Algo que é sagrado para a família pode ser erotizado por criminosos. Ao expor imagens em plataformas acessadas por bilhões de pessoas, o conteúdo pode ser facilmente descontextualizado”, alerta.
Ela reforça que apenas responsáveis legais devem decidir sobre a divulgação de imagens de menores. Para a ativista, contas que exibem fotos de crianças deveriam ser privadas, garantindo acesso somente a pessoas autorizadas.
Adultização precoce: riscos dentro e fora da internet
As denúncias de Felca também destacaram a adultização de crianças e adolescentes, fenômeno que ocorre tanto online quanto fora das redes. Segundo Caleffi, isso inclui exposição a roupas inadequadas para a idade, uso precoce de maquiagem e até dietas em fases muito jovens.
“Crianças de 4 anos insatisfeitas com o corpo, meninas de 9 ou 10 fazendo dieta. De onde vem essa referência? Muitas vezes das redes sociais”, afirma.
Além de limitar conteúdos, especialistas recomendam diálogo aberto com os filhos e, se necessário, o uso de aplicativos de controle parental, que permitem monitorar tempo de tela, localização e histórico de acesso.
Responsabilidade também é do poder público
A professora Vládia Jucá, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), lembra que a proteção não deve recair apenas sobre as famílias. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que toda a sociedade, o poder público e instituições têm papel na defesa desse grupo.
Ela destaca a atuação da Rede de Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente, composta por escolas, unidades de saúde, assistência social, Justiça e Ministério Público. Essa rede pode agir tanto preventivamente quanto em situações de risco já instaladas.
Fortalecimento da rede de apoio e espaços de escuta
Para além da regulação das big techs, Jucá defende o fortalecimento dos serviços públicos, muitas vezes prejudicados pela falta de infraestrutura e profissionais.
“Educação, saúde e assistência social precisam estar preparados para ouvir crianças e adolescentes e construir uma proteção integral. Um dos maiores problemas é que os adolescentes se sentem pouco escutados”, afirma.
Como denunciar abusos contra crianças e adolescentes
Situações de abuso, exploração ou violações de direitos podem ser denunciadas de forma gratuita pelo Disque 100, disponível 24 horas por dia em telefones fixos e celulares.
Com informações da Agência Brasil*
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