Faltando 11 dias para o 56º Festival Folclórico de Parintins, o presidente do boi-bumbá Garantido, Antônio Andrade Barbosa, enviou um ofício ao secretário de Cultura do Amazonas, Marcos Apolo Muniz, informando que, caso não receba auxílio financeiro do Governo, o Garantido não irá se apresentar nas noites do festival.
Em nota, o Governo do Amazonas assegura que o festival acontecerá, nos dias 30 de junho e 01 e 02 de julho de 2023, “como manda a tradição”.
De acordo com o Ofício Nº 065, enviado nesta segunda-feira (19), “em razão da atual situação financeira do Boi-Bumbá Garantido”, a Diretoria precisou escolher entre realizar a apresentação com “sérias dificuldades de naturezas diversas, principalmente financeiras” ou “efetivar o pagamento de todos os recursos humanos envolvidos na construção do Boi 2023”.
Ainda segundo o presidente, o boi-bumbá só pôde tomar uma decisão, “dada a escassez pecuniária atual”. E informa que foram “obrigados a seguir pela segunda opção, ou
seja, pagar todos os funcionários do Bumbá”.
O pagamento aos funcionários, conforme exposto no ofício, impede a apresentação nas três noites do Festival. “Trata-se de calamidade iminente, com direito a ameaças de morte e cenário de caos social que deverá afetar não somente o Boi Garantido, mas a cidade de Parintins como um todo”, continua o presidente.
Antônio Andrade explica, então, que caso a Secretaria de Cultura decida auxiliar de alguma forma a associação, que as medidas devam ser tomadas “entre hoje e amanhã, caso contrário, não teremos mais tempo para quaisquer providências que possam reverter o acima colocado”.
“Inimaginável”
Em nota divulgada na tarde desta segunda, o Governo do Amazonas diz que “considera inimaginável a não participação do Boi-Bumbá Garantido no 56º Festival Folclórico de Parintins, por supostos problemas financeiros da Associação Folclórica”.
O Estado afirma que cumpriu com todos os acordos firmados para a realização do festival.
“Além do repasse de R$ 10 milhões para os bois, sendo R$ 5 milhões para cada um, também trabalhou na captação de recursos junto a patrocinadores da iniciativa privada. Ao longo dos anos, o Estado também tem dado todo o apoio logístico, estrutural para que o espetáculo ocorra e espera que as Associações Folclóricas também cumpram sua parte, colocando os bois na arena e fazendo a festa acontecer”.
A nota finaliza com o Governo do Amazonas informando que “não vai admitir que nenhuma intercorrência impeça a realização do Espetáculo do Povo da Floresta”.
Investimentos
Em 2023, o Governo do Amazonas investiu R$ 10 milhões para a realização do Festival de Parintins, com os bois Garantido e Caprichoso recebendo R$ 5 milhões cada. A Coca-Cola manteve o tradicional patrocínio e destinou R$ 2,5 milhões – R$ 1,25 milhão para cada agremiação folclórica.
De patrocínios, o Garantido recebeu R$ 4,5 milhões, além de R$ 2,9 milhões recebidos pela bilheteria vendida para as três noites de espetáculo. Ao todo, a agremiação arrecadou R$ 13,6 milhões para custear a fabricação de figurinos, alegorias, mão de obra e etc.
Inquérito
Em novembro do ano passado, o Ministério Público do Amazonas abriu um inquérito para investigar o Garantido sobre possíveis irregularidades na realização do 55º Festival de Parintins. O presidente Antônio Andrade foi intimado para prestar esclarecimentos.
A agremiação também enfrentou problemas por conta de atrasos nos pagamentos de seus funcionários, culminando até na saída do levantador de toadas, Sebastião Jr. Porém, o cantor retornou à organização.
“Dia 12 de maio você (Antônio Andrade) recebeu R$12 milhões. Cadê esse dinheiro. Você não pagou fogos, levou alegoria escrot* pra dentro da arena. Não pagou o David, não pagou Israel, não pagou ninguém. Eu gastei R$ 25 mil do meu bolso em Parintins, você sequer me atendia. Eu mandava mensagem e você não respondia. E depois de tudo isso queria falar comigo. E vem dizer que não foi para a apuração porque estava esperando para falar comigo. Para com isso, cara. Quantos anos você tem. Eu tenho 35 anos, não sou nenhum moleque não”, disse Sebastião Jr, na época, em posts nas redes sociais.
Em julho de 2022, a ex-porta-estandarte Daniela Tapajós também entregou o cargo, alegando ter sofrido “insultos, ameaças, e verdadeiro terrorismo psicológico” dentro do boi nos últimos dois anos.
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