Daniel Alves e Robinho viveram um dia decisivo nesta quinta, (20). Os dois brasileiros enfrentam a justiça europeia, acusados e condenados por estupro na Espanha e Itália. No Brasil, Robinho enfrenta o Supremo Tribunal de Justiça, que julga do pedido de homologação da sentença que pode o colocar atrás das grades em solo nacional. Na Espanha, Daniel Alves pode sair da prisão se pagar a fiança de 1 milhão de euros, mas está proibido de deixar o pais.
Justiça da Espanha permite liberdade provisória
A polêmica decisão da Audiência Provincial de Barcelona permite que o ex-jogador da seleção brasileira Daniel Alves tenha a liberdade provisória mediante ao pagamento de cerca de R$ 5,5 milhões. A quantia deve ser depositada na conta do tribunal que emitirá um alvará de soltura. O jogador só poderá desfrutar do benefício se seguir uma série de medidas cautelares como se apresentar ao tribunal uma vez por semana e está impedido de deixar a Espanha, seus dois passaportes serão retidos. Além disso Alves não poderá se aproximar da vítima ou manter contato com ela sob nenhuma circunstância.
A justificativa da justiça espanhola para a concessão da liberdade preventiva é de que o risco de fuga, repetição do delito ou destruição de provas diminuiu consideravelmente e o réu declarou em videoconferência diretamente da prisão que não tem intenção de fugir.
De acordo com o jornal “La Vanguardia”, o pai de Neymar será o responsável por pagar a fiança de Daniel Alves. Ele e seu filho já haviam ajudado o ex-jogador a pagar os 150 mil euros de indenização à vítima do caso de agressão sexual, fato que entrou como atenuante na diminuição da sentença para quatro anos e meio.
Relembre o caso de estupro
A agressão sexual aconteceu na virada do ano, 31 de dezembro de 2022. Daniel Alves convidou a vítima para ir a um dos banheiros da boate Sutton. Dezesseis minutos depois o ex-jogador sai do cômodo e em seguida a vítima, que desata a chorar e é acolhida por um dos seguranças da casa. O jogador já havia deixado o local.
Em um dos trechos da sentença de condenação de Alves, consta que o tribunal “considera provado que o acusado agarrou abruptamente a denunciante, a jogou no chão e, a impedindo de se mexer, a penetrou pela vagina, apesar de a denunciante ter dito que não, que queria ir embora”. E entende que “isso cumpre o tipo de ausência de consentimento, com uso de violência, e com acesso carnal”.
No dia 2 de janeiro de 2023, a vítima confirma seu primeiro depoimento afirmando que acompanhou de livre vontade o jogador ao banheiro, mas se arrependeu e tentou sair. O jogador por sua vez a agrediu, tentou obrigá-la a fazer sexo oral nele e a penetrou à força. Depois do inquérito, os policiais se prepararam para prender o jogador que voltava do México para o enterro de sua sogra. A mãe de sua esposa enfrentava um câncer em fase terminal no exato dia da agressão sexual, motivo pelo qual o ex-jogador não teria passado a virada de ano acompanhado de sua esposa.
Daniel Alves foi preso no dia 20 de janeiro de 2023 e forneceu cinco versões diferentes para o crime de estupro. Primeiro disse que não conhecia a vítima, depois disse que estava no banheiro com ela mas nada havia acontecido. Em um terceiro momento disse que houve apenas sexo oral.
Mediante a apresentação de provas da penetração (havia sêmen do jogador no corpo da vítima), Daniel mudou sua versão mais uma vez, admitindo que houve penetração, mas que havia sido consensual. Sua última versão alega que ele havia consumido muita bebida alcóolica, na tentativa de acrescentar uma atenuante à sua condenação.
Em entrevista, Alves chegou a declarar que perdoa a vítima por distorcer o que aconteceu entre os dois no Sutton, “o que aconteceu e o que não aconteceu ali só sabemos eu e ela”.
Caso de Daniel Alves pode impactar Robinho
Robinho, condenado em todas as instâncias na Itália a nove anos de prisão pelo crime de estupro contra uma albanesa em uma boate em Milão em 2013, enfrenta a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça brasileira. Os ministros irão decidir se o ex-jogador cumprirá sua pena em solo brasileiro.
O ex-jogador segue em liberdade pois seu mandato de prisão foi expedido enquanto ele estava no Brasil, que não extradita seus cidadãos. Esse fato impediu a prisão, Robinho segue vivendo recluso em sua mansão, aguardando o julgamento do STF. Caso o STF julgue a pena procedente, o jogador será preso em território nacional.
A proximidade da condenação de Daniel Alves joga holofotes negativos para o caso de Robinho, tornando-se um catalisador que pode abrir espaço para uma nova perspectiva de julgamento no Brasil. A opinião pública e a imprensa estão muito atentas ao posicionamento da justiça brasileira, afinal, estamos no mês das mulheres e muito se fala sobre o respeito e empoderamento feminino. Na prática, o que vemos é outra realidade.