sexta-feira, dezembro 5, 2025
30.3 C
Manaus
InícioAmazôniaMar avança sobre o Rio Amazonas e ameaça comunidades ribeirinhas

Mar avança sobre o Rio Amazonas e ameaça comunidades ribeirinhas

Publicado em

Publicidade

O mar avança sobre o Rio Amazonas e está contaminando a água doce usada por comunidades ribeirinhas no Amapá, segundo estudos realizados desde 2023 pelo Observatório Popular do Mar (Omara). Os resultados foram apresentados durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Macapá, e apontam para um fenômeno crescente de salinização da água na região do arquipélago do Bailique.

A pesquisa foi conduzida por cientistas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), que identificaram o avanço do Oceano Atlântico sobre o delta do Rio Amazonas, afetando diretamente o abastecimento das comunidades ribeirinhas.

Fenômeno de salinização ameaça água potável no Bailique

Os pesquisadores destacam que a salinização da água deixou de ser um fenômeno sazonal e passou a ocorrer durante todo o ano. O problema, que antes se restringia ao período da seca, tem sido intensificado pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas, agravando a escassez de água potável para cerca de 52 comunidades da região.

“Antes, a água potável estava na porta de casa. Agora, tudo mudou”, relatou o pesquisador Nataliel Rangel, ao apresentar uma maquete representando as comunidades afetadas no Bailique.

De acordo com o estudo, o avanço do mar altera não apenas a qualidade da água, mas também a vida cotidiana dos moradores, que agora dependem de soluções emergenciais para ter acesso à água potável.

Soluções paliativas e desafios locais

Como resposta imediata à crise, o governo do Amapá instalou uma máquina de dessalinização capaz de produzir até 3 mil litros de água por dia. No entanto, os pesquisadores afirmam que a medida é insuficiente para atender à demanda das comunidades, sendo considerada apenas uma solução paliativa.

O projeto Omara, que monitora a costa amazônica por meio de 11 estações de observação, tem buscado dados científicos para orientar políticas públicas de mitigação e adaptação. A iniciativa utiliza tecnologia adaptada do sistema australiano CoastSnap, com o objetivo de acompanhar a dinâmica costeira e oferecer soluções locais para o avanço do mar.

“Estudar o mar do Rio de Janeiro é bem diferente do Rio Amazonas. Precisamos de dados locais e soluções práticas”, explicou Rangel, destacando a necessidade de pesquisas específicas para a região amazônica, onde a mistura entre água doce e salgada apresenta desafios únicos.

Impactos ambientais e sociais

A coordenadora do Omara, Janaina Calado, alerta que o fenômeno de salinização do Rio Amazonas tem impacto direto sobre o clima regional e o modo de vida das populações ribeirinhas.

“O mar determina a quantidade de chuva e interfere na dinâmica dos rios. Entender essa relação é essencial para preservar o território e garantir a segurança hídrica”, afirmou Calado.

Os pesquisadores alertam que, se o ritmo atual de avanço continuar, o equilíbrio ecológico da foz do Amazonas pode sofrer mudanças irreversíveis nas próximas décadas, comprometendo ecossistemas, pesca, agricultura e abastecimento de comunidades inteiras.

Ciência e monitoramento contínuo

O Observatório Popular do Mar (Omara) pretende expandir o número de estações de monitoramento e integrar os dados coletados às redes de pesquisa nacional e internacional, fortalecendo a compreensão sobre os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia costeira.

A equipe do projeto reforça que o avanço do mar sobre o Rio Amazonas é um sinal de alerta sobre os impactos climáticos globais e a vulnerabilidade das comunidades amazônicas. Os estudos servirão de base para políticas públicas voltadas à adaptação e mitigação ambiental, com foco em proteger tanto o meio ambiente quanto as populações afetadas.

Leia mais:
Guerra tecnológica na Amazônia: facções usam drones para driblar a polícia
IA contra o desmatamento na Amazônia ajuda a identificar e prevenir crimes ambientais
Relatório aponta colapso dos recifes e alerta: Amazônia pode ser a próxima

Siga nosso perfil no InstagramTiktok e curta nossa página no Facebook

📲Quer receber notícias direto no celular? Entre no nosso grupo oficial no WhatsApp e receba as principais notícias em tempo real. Clique aqui.

Últimas Notícias

3,1 milhões vivem em favelas sem acesso a ambulância ou caminhão

Quase um quinto dos moradores de favelas do país vive em áreas onde ambulâncias,...

Entenda o que configura abandono de idosos e as novas punições na lei

Delito abrange desamparo material, físico e afetivo. Com o envelhecimento acelerado da população, casos...

Putin afirma que Rússia está “pronta” para guerra

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou em Moscou, que a Europa estaria sabotando...

Brasil registra menor pobreza desde 2012, aponta IBGE

O Brasil alcançou em 2024 os índices mais baixos de pobreza e extrema pobreza...

Mais como este

3,1 milhões vivem em favelas sem acesso a ambulância ou caminhão

Quase um quinto dos moradores de favelas do país vive em áreas onde ambulâncias,...

Entenda o que configura abandono de idosos e as novas punições na lei

Delito abrange desamparo material, físico e afetivo. Com o envelhecimento acelerado da população, casos...

Putin afirma que Rússia está “pronta” para guerra

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou em Moscou, que a Europa estaria sabotando...