Por conta de problemas na conexão da internet a Justiça Federal decidiu, na quarta-feira (22), adiar as audiências de instrução e julgamento sobre o assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, em Tabatinga, no Amazonas. Ainda não foi definida a nova data.
O recurso serve para garantir o acompanhamento dos acusados. Em nota, a Vara Única da Subseção Judiciária de Tabatinga informou que houve atrasos nos três dias de audiências. Os trabalhos começaram na segunda-feira (20), mas problemas na internet atrasaram o início da sessão e apenas uma testemunha de acusação depôs no primeiro dia.
No segundo dia de audiências, na terça-feira (21), houve uma queda de energia elétrica em Tabatinga, e a sessão só foi retomada após o gerador do prédio da Justiça Federal ser ligado.
Para a quarta-feira (22) estava previsto o interrogatório de três réus: Amarildo da Costa Oliveira, Oseney Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima, que estão detidos em presídios federais de Catanduvas, no Paraná, e de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Porém, houve apagões de internet nas penitenciárias federais onde estão os réus. O juiz encerrou a audiência após aguardar a normalização da conexão da internet por duas horas, sem sucesso. Com isso, ainda ficam pendentes as oitivas de algumas testemunhas.
Segundo a nota, parte das testemunhas está sendo ouvida presencialmente e parte, de modo remoto. “Os réus participam dos atos por videoconferência e serão interrogados após a oitiva de todas as testemunhas, conforme determina a lei”, finaliza a nota.
Na audiência de instrução e julgamento, o objetivo é verificar se as provas testemunhais colhidas durante a fase do inquérito policial são suficientes ou não para os acusados irem a júri popular.
Sobre o caso
Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos em junho do ano passado, nas proximidades da Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas. Eles articulavam um trabalho conjunto para denunciar crimes socioambientais na região do Vale do Javari, onde há a maior concentração de povos isolados e de contato recente do mundo. Dom Phillips pretendia, inclusive, publicar um livro sobre as questões que afetam o território e fazia apurações das informações, na época.
Em janeiro deste ano, a Polícia Federal (PF) do Amazonas concluiu que o traficante Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, foi o mandante dos assassinatos. O traficante Colômbia está preso desde dezembro do ano passado.
Ele havia sido solto após pagar uma fiança de R$ 15 mil, em outubro. A prisão dele foi novamente decretada pela Justiça Federal após ele descumprir condições impostas por ocasião da concessão de sua liberdade provisória.
Na Terra Indígena Vale do Javari, encontram-se 64 aldeias de 26 povos e cerca de 6,3 mil pessoas.
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