Estudantes e trabalhadores de diversos segmentos realizaram, na última segunda (22), uma marcha, no Centro de Manaus, em protesto contra o aumento da tarifa de ônibus anunciada pela Prefeitura de Manaus na semana passada. O valor passou de R$ 3,80 para R$ 4,50 desde o último domingo (21).
A concentração de manifestantes se reuniu na Praça da Saudade e contou com a presença de representantes de movimentos estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE) e a União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (Uersa).
As entidades chamaram populares para se juntar à marcha com palavras de protesto contra o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) e o Sindicato das Empresa de Transporte Coletivo do Amazonas (Sinetram).
As principais pautas abordadas pelos movimentos estudantis eram a falta de segurança e infraestrutura no transporte coletivo da capital, a falta de planejamento urbano e o encarecimento de despesas básicas após a pandemia.
“Muitas vezes, o jovem tem que escolher se ele vai recarregar a carteirinha ou se vai comer. Nós não podemos aceitar isso […] Estamos aqui pra reivindicar os nossos direitos, o nosso direito de ter acesso à cultura, acesso à educação de qualidade!”, gritou o estudante Ernan Graco, da UEE.
O economista e ex-deputado federal Zé Ricardo (PT) participou do ato e apoiou a iniciativa dos estudantes.
“Há um descaso muito grande no debate sobre o transporte público de Manaus e seus custos. Qual o custo operacional para que o sistema funcione? Qual o valor que a Prefeitura repassa como subsídio? Quais os lucros das empresas? Isso tem que ser questionado. Eu lamento que a Câmara Municipal de Manaus, que deveria ser a representação mais próxima da população nesse quesito, aparentemente não está debatendo isso. O decreto passou a valer no domingo e eu não vi nenhuma reação dos vereadores. Por isso, eu apoio e parabenizo os estudantes que estão aqui representando a sociedade civil”, disse o ex-vereador e ex-deputado à Gazeta.
Ocupação do T1 e do Sinetram
A caminho da sede do Sinetram, os manifestantes bloquearam as avenidas Leonardo Malcher e Constantino Nery. Carregando faixas, cartazes e mensagens transmitidas por um carro de som, os manifestantes entoaram pedidos de revogação do aumento da tarifa e concessão do Passe Livre para todos os estudantes do ensino básico e superior.
No Terminal de Integração 1 (T1), os manifestantes bloquearam, temporariamente, a entrada e saída de ônibus do local. A Polícia Militar, que estava no local realizando uma ronda, pediu para que os protestantes desobstruíssem parte da via e permitissem a passagem dos ônibus.
Representantes do movimento estudantil incentivaram, ainda, que a população aderisse ao movimento “Pula Catraca”, que estimula estudantes a pularem a roleta do ônibus para evitar o pagamento da tarifa em caso da manutenção do aumento da passagem.
“Temos que falar também das condições de trabalho de motoristas do transporte coletivo, que a partir de um horário tem que realizar o trabalho de motorista e cobrador, o que precariza ainda mais essa categoria de trabalho. Todos nós sabemos dos inúmeros perigos que é trabalhar no transporte coletivo, perigos que esses trabalhadores correm diariamente” discursou Júlio Teixeira, estudante e coordenador do Coletivo Rebeldia.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de Manaus, por meio do prefeito David Almeida, declarou que o aumento foi decidido após negociação entre a Prefeitura, os Sindicatos dos Trabalhadores do Transportes Rodoviários de Manaus (STTRM) e das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram), de modo a evitar um colapso do sistema.
O prefeito afirmou que a situação estava “insustentável”, e que não era mais possível manter o mesmo valor da passagem após 6 anos sem um reajuste.
“[O orçamento do transporte público] é maior que o orçamento de quase todas as secretarias, só perdendo para Saúde e Educação, e não temos condições de manter isso. Com essa conversa, não teremos mais greve, garantimos o direito ao reajuste salarial dos trabalhadores do setor e reajustamos o mínimo possível a tarifa”, disse o prefeito David Almeida em pronunciamento.
A Prefeitura anunciou ainda que apesar do aumento da tarifa, ainda utilizará o sistema de subsídios para arcar com as despesas da meia passagem e da gratuidade para idosos, pessoas com deficiência e estudantes beneficiários do Passe Livre Estudantil. Segundo o presidente do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), Paulo Henrique Martins, o valor da passagem teria que ser de R$ 5,94 para que a Prefeitura conseguisse arcar com todos os custos do transporte público.
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