É impossível não pensar na minha cidade natal a cada 24 de outubro, aniversário de Manaus, e é impossível, ainda, não sentir saudade nesta data. Saudade não do feriado em si, mas da própria cidade e de todas as coisas boas que só ela pode proporcionar.
Depois de 30 anos vivendo em Manaus e indo para São Paulo algumas vezes ao ano, hoje o cenário se inverteu. Agora, a residência é São Paulo e as idas ao longo do ano é que são para Manaus. Logo eu, que era louca para mudar de cidade, me vejo contando os dias para voltar.
É claro que temos os problemas de sempre – incontáveis engarrafamentos, os piores motoristas no trânsito, a falta de saneamento básico, a poluição do ar com a fumaça das queimadas, o atendimento ao público que deixa bastante a desejar, dentre outros problemas comuns a qualquer cidade grande – mas a data de hoje pede (e merece!) que sejam lembradas as coisas boas. E elas são difíceis de esquecer.
Aprendi da forma mais difícil – longe de casa – que coisas simples ou banais para quem está todo dia na cidade se tornam imensas e importantes para quem se torna turista em sua própria cidade, para aquelas pessoas que um dia já tiveram isso em seu próprio lar e, de repente, só podem possui-las em doses homeopáticas, de tempos em tempos, como que para acalmar a alma e revigorar os dias.
A caldeirada e o caldo de tambaqui em um dia chuvoso, o tambaqui assado na mesa para a família almoçar, o pirarucu de casaca como opção nos menus dos restaurantes, o pão com tucumã no café da manhã, o tacacá na banca no fim de tarde, a ingá como opção maravilhosa de fruta para comer, a farinha do Uarini como o acompanhamento primordial de sempre, o suco de cupuaçu e o açaí com tapioca sem iguais, o pôr-do-sol pintando o céu em tons de laranja, rosa e amarelo no final do dia, a orla da Ponta Negra nas quartas-feiras, o largo de São Sebastião aos domingos, os finais de semana com rio e sol no flutuante… São “banalidades” para quem está perto e pequenos tesouros ou raridades na vida de quem está longe.
Fica a reflexão sobre a falta que Manaus faz quando saímos dela. Você pode querer desbravar novos lugares, viver novas vidas, mudar de cidade, de estado ou de país, mas acredite: Manaus vai dar saudade. E que não seja tarde demais quando você descobrir isso.
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