A equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que monitora os botos e tucuxis no Lago Tefé, localizado no município de Tefé (a 521km de Manaus), apontou em seu boletim técnico mais atual que o número de botos mortos por conta da estiagem de 2023 chegou a 154.
O boletim foi concluído na última sexta-feira (20). Nele, os pesquisadores relatam terem encontrado mais um animal morto após uma interrupção de óbitos por 10 dias.
Onda de calor é a principal causa da morte de botos
As mortes dos botos e tucuxis são causadas pelo calor extremo e falta de chuvas, que reduziram o nível da água do Lago Tefé e levaram as temperaturas do corpo d’água a até 40°C — Anteriormente, a máxima da temperatura do Lago era de 32°C nos períodos mais quentes do ano — o que causa um elevado índice de estresse térmico nos animais, levando ao óbito.
Mais de 100 voluntários já passaram pela região e pelo menos 21 organizações de todo o Brasil e do exterior para tentar mitigar os efeitos da crise, incluindo o Corpo de Bombeiros do Amazonas, Exército Brasileiro, Grupo de Resgate de Animais em Desastre (GRAD), Greenpeace Brasil, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto Aqualie, Instituto Baleia Jubarte, Instituto Oswaldo Cruz, LAPCOM USP, Marinha do Brasil, Polícia Militar, Prefeitura de Tefé, R3 Animal, Sea Shepherd Brasil e WWF-Brasil.
Mesmo assim, a crise é severa. De acordo com os pesquisadores do Instituto Mamirauá, o principal órgão de proteção à fauna da região do Médio Solimões, cerca de 10% da população de botos e tucuxis no Lago morreu em apenas uma semana. Nesse período, a temperatura da água registrada nas regiões onde os animais se encontravam chegou a 39,1°C.
Além do estresse térmico causado pelo superaquecimento da água, a falta de oxigênio também é uma das causas de morte dos animais. Com a água rasa, os cetáceos não conseguem absorver a quantidade adequada de oxigênio, e acabam ficando presos nos bancos de areias.
Seca na Amazônia
A estiagem de 2023 tem causado uma seca histórica na região amazônica, e principalmente no estado do Amazonas. Na segunda-feira (23), o Rio Negro chegou à marca histórica de 12,89m; foi a primeira vez em 121 anos de registros que o Rio chegou a um nível de profundidade abaixo dos 13m.
A seca fez com que 60 dos 62 municípios do Amazonas entrassem em estado de alerta ou emergência. No último registro, 59 cidades estavam em situação de emergência e 01 em estado de alerta. De acordo com o governo do Amazonas, mais de 600 mil pessoas estão sendo afetadas pela seca e pelas queimadas do período de estiagem deste ano.
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