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Uso de cerol em pipas é crime e pode causar acidentes à população

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Com o início do verão amazônico, o número de pessoas que aproveitam o tempo ensolarado para soltar as famosas pipas, conhecidas também como papagaios, aumentou na capital amazonense. No entanto, essa tradição sazonal também levanta sérias preocupações de segurança, devido ao uso disseminado do cerol, uma mistura cortante aplicada nas linhas de pipa. O uso e venda do material é considerado crime.

O que é cerol?

O cerol é uma combinação de cola com materiais cortantes, geralmente passada nas linhas das pipas com a intenção de cortar as linhas dos outros empinadores. O material é vendido clandestinamente em diversos pontos de Manaus.

Além do cerol, existe também a linha chilena, que é mais fina e mais cortante do que o cerol. Os cortes causados pela linha chilena podem ser mais graves, e o risco de lesões sérias é maior para a população.

O que diz a lei?

O advogado Orlando Lins, especialista em direito público, diz que existem legislações que proíbem a prática. “Na cidade de Manaus, existe a Lei n° 1968, de 2015, que proíbe a venda, o transporte e a utilização não só da linha com cerol, como também a famosa linha chilena. As penas podem variar de uma UFM (Unidade Fiscal Municipal), que hoje está em R$ 134,77, mas tem a previsão de chegar a até 2 mil reais em multas.”

Lins também aponta o Artigo 132 do Código Penal Brasileiro, que diz respeito ao crime de expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente, que pode ser enquadrado nas pessoas que utilizam a linha com cerol. A pena é de detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Ambos, o cerol e a linha chilena, representam sérios riscos para a segurança das pessoas e da infraestrutura urbana. Por essa razão, em muitas localidades brasileiras, a venda e o uso dessas substâncias são proibidos ou regulamentados. Em Manaus, esse não é o caso.

Apesar da existência de legislações no âmbito municipal e nacional, e o uso cada vez mais amplo de acessórios como a antena de proteção para motos, a conscientização permanece como a principal forma de diminuir a ocorrência de acidentes associados às linhas com cerol.

Riscos associados ao cerol

Embora a mistura possa adicionar uma dimensão competitiva à brincadeira de empinar pipas, ele também representa sérios riscos para a segurança das pessoas. Quando em contato com a pele, o cerol pode causar cortes profundos, levando a hemorragias, especialmente se atingirem partes sensíveis do corpo como mãos, rosto e olhos.

Além disso, o cerol pode se prender em fios elétricos e causar curtos-circuitos, resultando em quedas de energia ou até mesmo incêndios. O risco de colisões de trânsito também aumenta, uma vez que linhas de pipa com cerol podem cruzar ruas e avenidas, podendo causar acidentes.

Motociclistas e ciclistas são mais vulneráveis a acidentes de trânsito causados pelo cerol devido à sua exposição direta e à velocidade em que se deslocam. As linhas de pipa, especialmente as que contêm cerol, são difíceis de serem avistadas a tempo. A visibilidade reduzida pode dificultar que motociclistas e ciclistas identifiquem a presença de linhas no caminho, aumentando a probabilidade de acidentes.

Perigo para motociclistas

Para tentar diminuir os riscos associados às linhas de pipa com cerol, alguns motociclistas optam por instalar uma antena de proteção para moto. A antena de proteção é geralmente composta por um material resistente e flexível, como fibra de carbono ou plástico de alta resistência. O acessório é instalado na parte dianteira da moto e atua como uma barreira física que pode interceptar e cortar linhas que estejam cruzando a estrada.

Antenas de proteção de moto são uma das medidas de defesa contra linhas de pipa com cerol.

Um dos motociclistas que utiliza esse mecanismo de proteção é o entregador de aplicativo Arlem Ferreira, 36, que já foi ferido por uma linha de pipa durante o trabalho. De acordo com Arlem, o acidente ocorreu à luz do dia, e mesmo assim não houve tempo o suficiente de reação.

“[O acidente] aconteceu em uma rua estreita, que estava cheia de meninos soltando papagaio no fim da tarde. Eu sei que esse tipo de situação é perigosa pra um motociclista, mas um dos meninos sinalizou para que eu passasse, então foi o que eu fiz. A linha enroscou no meu braço e cortou, só não foi pior porque o rapaz logo soltou a linha e não fez muita pressão. Foi a mãe dele que me socorreu e me ajudou a controlar o sangramento. Até hoje não sei se tive sorte ou azar nesse dia, mas hoje não ando de moto sem aquela antena.”

Em 2021, um caso de acidente com linha de cerol ganhou destaque na mídia manauara. Daniel da Silva Rodrigues, 20, também motociclista e entregador, foi morto após um acidente semelhante ao de Arlem, mas com o trauma causado pela linha atingindo a região do pescoço.

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