As tensões comerciais entre EUA e China, que têm gerado instabilidade nos mercados globais, parecem ter encontrado um caminho para a distensão. Em um encontro histórico realizado nesta quinta-feira (30/10) na cidade sul-coreana de Busan, os presidentes Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) concordaram em um pacote de medidas para reduzir o atrito entre as duas nações. Washington anunciou uma redução em tarifas específicas, enquanto Pequim se comprometeu a manter o vital fornecimento de terras raras.
Este foi o primeiro encontro presencial entre os dois líderes em seis anos, um hiato que reflete a complexidade e a gravidade da disputa econômica. A reunião ocorreu paralelamente ao encontro de cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que acontece na cidade de Gyeongju e prossegue até sábado. A escolha de um local neutro para a conversa bilateral foi vista como um passo essencial para restabelecer o diálogo.
Ambos os líderes usaram termos otimistas para descrever os resultados, indicando um alinhamento significativo após longos períodos de negociações difíceis.
O tom da diplomacia
O presidente norte-americano, Donald Trump, foi enfático ao classificar a reunião como um “grande sucesso”. Em declarações após a conversa com Xi, Trump não poupou elogios ao líder chinês, descrevendo-o como “um tremendo líder de um país muito poderoso”. “Acredito que foi uma reunião incrível”, afirmou o republicano.
Como um gesto claro de aprofundamento das relações diplomáticas e da seriedade do novo entendimento, Trump também anunciou publicamente que planeja realizar uma visita oficial à China no próximo mês de abril.
Do lado chinês, o tom foi igualmente positivo, embora mais contido. O presidente Xi Jinping afirmou que ambos os líderes alcançaram um “consenso importante”. Segundo Xi, este consenso é fundamental para encontrar uma solução definitiva para a disputa que envolve as duas maiores potências econômicas do mundo. A declaração de Xi sinaliza a disposição de Pequim em estabilizar a relação, que é crucial não apenas para os dois países, mas para toda a economia global.
Os pilares do acordo entre EUA e China
O acordo abrange diversas áreas críticas que estiveram no centro das tensões comerciais recentes. Um dos pontos mais sensíveis resolvidos foi a questão do fentanil.
Trump revelou que o presidente chinês concordou em “trabalhar muito para deter o fluxo” do opioide sintético, cuja exportação para os EUA tem sido uma fonte grave de atrito diplomático e uma crise de saúde pública. Em resposta direta a este compromisso de Pequim, Trump anunciou uma medida imediata de desescalada: “Impus uma tarifa de 20% à China devido à entrada de fentanil (…). E, com base em suas declarações de hoje, vou reduzi-la para 10%”.
Além disso, o setor agrícola norte-americano, duramente atingido pelas retaliações chinesas durante as tensões comerciais, recebeu notícias animadoras. Trump anunciou que, como parte do novo entendimento, Pequim “vai comprar grandes quantidades, enormes quantidades de soja e outros produtos agrícolas de forma imediata”. Este movimento visa reequilibrar a balança comercial e aliviar a pressão sobre os agricultores dos EUA.
Terras raras, elemento central do acordo
Talvez o ponto mais estratégico do acordo seja o compromisso da China sobre o fornecimento de terras raras. Estes 17 elementos químicos, mencionados especificamente no comunicado, são considerados essenciais para indústrias de alta tecnologia e, crucialmente, para o setor de defesa.
A China domina a produção global desses materiais, e a ameaça de restringir seu fornecimento foi uma das armas econômicas mais potentes de Pequim durante o auge das tensões comerciais. Para garantir a estabilidade das cadeias de suprimentos globais, Trump destacou que foi estabelecido um acordo específico para esta questão. O pacto garante o fornecimento contínuo por parte da China e terá a duração inicial de um ano, sendo prorrogável, oferecendo previsibilidade para as indústrias ocidentais.
Este encontro em Busan representa, portanto, o passo mais concreto em anos para estabilizar a relação EUA e China, substituindo a retórica da guerra comercial por ações coordenadas de cooperação.
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