O Amazonas registrou um aumento de 34,9% na taxa de homicídios em 2021, em comparação com o ano anterior. A taxa passou de 31,5 para 42,5 mortes por 100 mil habitantes. É o que aponta a nova edição do Atlas da Violência divulgada nesta terça-feira (05/12).
O estado do Amazonas é o que apresenta a maior taxa de homicídios do país, seguido pelo Amapá (17,1%) e Rondônia (16,2%).
A alta no Amazonas ocorre em um contexto de aumento da violência em todo o país. Em 2021, o Brasil registrou 47.847 homicídios, o que corresponde a uma taxa de 22,4 mortes por 100 mil habitantes.
O aumento da violência no Amazonas tem sido associado a fatores como o tráfico de drogas, a disputa entre facções criminosas e a falta de políticas públicas de segurança.
O governo do Amazonas tem implementado algumas medidas para combater a violência, como a criação de uma força-tarefa de segurança pública e o investimento em inteligência policial.
Atlas da violência
A publicação – divulgada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – tem como base principalmente dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos sob gestão do Ministério da Saúde. Também são levados em conta os mapeamentos demográficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Fatores dos homicídios
O Atlas da Violência elenca fatores que contribuíram para essa dinâmica dos dados nos últimos anos, entre eles, o envelhecimento da população. Isso porque homens entre 15 e 29 anos são os que mais apresentam risco de serem vítimas de homicídios. Dessa forma, a redução da população de jovens teria influência na queda do número de casos desde 2017.
“A violência é a principal causa de morte dos jovens. Em 2021, de cada 100 jovens entre 15 e 29 anos que morreram no país por qualquer causa, 49 foram vítimas da violência letal”, Atlas da Violência
Dos 47.847 homicídios ocorridos no Brasil em 2021, 50,6% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos. São 24.217 jovens que tiveram suas vidas ceifadas prematuramente, com uma média de 66 jovens assassinados por dia no país, informou o levantamento.
O Atlas da Violência também indica outros dois fatores de influência para a queda observada. O primeiro é um armistício na guerra entre as maiores facções do país pelo controle do corredor internacional de drogas nas regiões Norte e Nordeste. O outro envolve os efeitos de programas qualificados de segurança pública adotados em alguns estados, abrangendo políticas e ações inovadoras.
Considerando a última década, o número de homicídios no país seguiu uma tendência ininterrupta de crescimento de 2011 a 2017, ano em que houve 65,6 mil ocorrências. A partir daí, houve queda em 2018 e em 2019, alcançando o patamar de 45,5 mil casos. Uma nova alta foi observada em 2020, com 49,8 mil assassinatos. Finalmente em 2021, foram 47,8 mil registros. Dessa forma, apesar da queda na comparação com o ano anterior, os dados ainda mostram um patamar acima do verificado em 2019.
A diminuição das taxas de homicídio ocorreu em praticamente todas as regiões do país, com exceção da região Norte.
Política armamentista
Conforme a publicação, as quedas observadas a partir de 2017 poderiam ter sido mais intensas. “A redução dos homicídios no país não foi mais robusta devido à política armamentista desencadeada no governo Bolsonaro”, revela a nova edição, que cita estudo do Fórum Brasil de Segurança Pública. Ele estima que, se não houvesse o aumento de armas de fogo em circulação a partir de 2019, teriam ocorrido 6.379 assassinatos a menos no Brasil em 2021.
*Com informações da Agência Brasil
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