Após quase três meses desde o fim da seca histórica que assolou o estado do Amazonas, todos os 62 municípios ainda permanecem em situação de emergência, de acordo com informações atualizadas pelo Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental no último domingo (7).
A seca de 2023 legou os rios do estado a níveis mínimos alarmantes. O rio Negro chegou ao seu nível mais baixo já registrado, chegando ao patamar de 12,70m. Análises do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) chegaram a conclusões semelhantes sobre os rios Purús, Amazonas e Solimões. O processo de recuperação dos rios se iniciou no fim de outubro, e até a última atualização dos dados do Porto de Manaus, registados na sexta (12), o nível do rio Negro estava em 19,97m.
Municípios do Amazonas em Persistente Estado de Emergência
Os 62 municípios do Amazonas decretaram estado de emergência no dia 1 de novembro de 2023, e permanecem em emergência desde então. Mesmo com o gradual aumento do nível dos rios com a chegada da época das chuvas no Amazonas, os municípios continuam enfrentando as mesmas dificuldades.
Até o momento, mais de 630 mil pessoas foram afetadas de forma grave pela seca, que além da escassez de chuvas, foi marcada por ondas de calor recordes entre agosto e novembro, elevando as temperaturas de 2°C a 5°C acima da média.
O número de pessoas e famílias afetadas pela estiagem no estado é dinâmico e baseia-se nas informações disponibilizadas pelos municípios que alimentam o S2iD – Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil.
Como a Seca Mantém Municípios em Emergência no Amazonas
Um recente estudo do Centro Científico da União Europeia revelou que, em 2023, os nove países da Bacia Amazônica enfrentaram os menores volumes de chuva em mais de 40 anos, de julho a setembro. Essa condição impactou significativamente os rios e a biodiversidade, especialmente nas cabeceiras dos rios Solimões, Purus, Juruá e Madeira, desde o centro-sul do Amazonas até os países mais ao sul da floresta, como Peru e Bolívia.
No Amazonas, as chuvas ficaram de 100 a 350 milímetros abaixo do normal, representando aproximadamente metade do esperado para a região. Esses eventos têm ameaçado a vida dos animais, aumentado o risco de incêndios e causado níveis fluviais críticos, impactando a mobilidade nas comunidades ribeirinhas e o acesso a bens essenciais. Mesmo após quase 3 meses, a dificuldade de acesso e o desabastecimento deixou consequências a longo prazo nos municípios mais afastados.
O que esperar de 2024?
Os impactos da mudança climática sobre os serviços ecossistêmicos continuam gerando incertezas para o ano de 2024, mas há perspectivas otimistas. Apesar de o El Niño de 2023 ser classificado como um dos cinco mais fortes já registrados, especialistas afirmam que ele não atingirá a categoria de “Super El Niño”, como divulgado anteriormente.
Para 2024, com o enfraquecimento do El Niño, espera-se que a situação entre em normalidade, com o Oceano Pacífico assumindo a categoria “neutra”, indicando águas não muito quentes nem geladas. A expectativa é que uma cheia dentro da média em 2024 possa minimizar os impactos imediatos, mas a previsão é que o El Niño influencie as correntes até maio ou junho deste ano, e o período da seca na região amazônica recomeça no mês de julho.
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