Nesta terça e quarta-feira, Brasília se tornará o epicentro de um encontro histórico que reunirá mais de 100 mil mulheres vindas de diferentes segmentos do Brasil e de 33 países. A 7ª edição da Marcha das Margaridas, coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em conjunto com federações, sindicatos filiados e 16 organizações parceiras, assume um papel vital na expressão das vozes femininas. O evento, realizado quadrienalmente, carrega o lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
O contingente diversificado engloba trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, representantes da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos. A Contag destaca que a Marcha das Margaridas é um dos maiores eventos políticos de mulheres em toda a América Latina.
Agenda em 13 Eixos Políticos
Os objetivos e demandas do evento se desdobram em 13 eixos políticos, que moldarão as discussões ao longo dos dois dias:
- Democracia participativa e soberania popular;
- Poder e participação política das mulheres;
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e machismo;
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre seus corpos e sexualidade;
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e marítimos;
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária;
- Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação no campo;
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
Expectativas e Conquistas Esperadas
Mazé Morais, a coordenadora-geral da Marcha das Margaridas e secretária de Mulheres da Contag, compartilhou suas expectativas para o evento em entrevista à Agência Brasil. Ela destacou que uma pauta foi construída após inúmeras reuniões ao longo de 2021 e entregue ao governo federal em junho. Mazé ressalta a importância de anúncios substanciais relacionados a políticas públicas e programas que possam impactar efetivamente a vida das mulheres em todas as regiões do Brasil.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, enfatizou os esforços colaborativos entre ministérios para responder às diversas reivindicações das margaridas. Ela destacou a postura do governo em respeitar e valorizar as mulheres do campo, floresta e águas, sublinhando a participação social como um eixo fundamental para a construção e implementação de políticas públicas.
Homenagem e Inspiração Duradoura
A Marcha das Margaridas carrega um significado profundamente simbólico, homenageando Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Paraíba. Ela foi assassinada em 1983 devido à sua luta pelos direitos da categoria. Sua memória se mantém como um farol de inspiração para os milhares de homens e mulheres que continuam a buscar justiça e dignidade.
O caso de Margarida Maria Alves reverberou até a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, onde se tornou um marco na denúncia das violações sistemáticas dos direitos fundamentais. O evento de 2023 é um testemunho contínuo desse legado, demonstrando que sua luta permanece viva e mais relevante do que nunca.
Leia mais:
Lula afirma que contribuição dos países ricos para a Amazônia é um dever, não um favor
Amazonas endurece leis contra racismo e homofobia em estádios
Apagão nacional deixa vários municípios do Amazonas sem energia
Siga nosso perfil no Instagram e curta nossa página no Facebook