sábado, outubro 12, 2024
30.3 C
Manaus
InícioGeralSociedadeAcordo evita reintegração de posse da comunidade Nova Vida, em Manaus

Acordo evita reintegração de posse da comunidade Nova Vida, em Manaus

Publicado em

Publicidade

As 3,5 mil famílias que moram na comunidade Nova Vida (antigo Cemitério Indígena), no bairro Nova Cidade, em Manaus, tiveram sua permanência na área, reconhecida como sítio arqueológico, garantida. O acordo que garante o direito de permanecer no local foi assinado pela Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), na segunda-feira (24).

O Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Museu da Amazônia (Musa) também fazem parte da concessão.

Os moradores corriam o risco de ter que deixar suas casas devido a um processo de reintegração de posse que tramitava na Justiça Federal. A comunidade começou a ser assistida pela DPE-AM em agosto do ano passado, após o Núcleo de Moradia e Fundiário (Numaf) verificar que a área se tratava de um bairro consolidado, mas sem infraestrutura adequada.

De acordo com os moradores, o local foi ocupado em 2018. E hoje abriga famílias de 16 etnias indígenas, além de imigrantes de diversas nacionalidades.

“Estamos diante de mais um caso complexo de moradia e tratamos essa situação na nossa Câmara de Consenso, que é o método de gestão de conflitos onde todos os entes são chamados para conversar e construir, juntos, a solução mais adequada possível. Foram meses de conversas e reuniões e hoje, finalmente, estamos apresentando o acordo onde cada pessoa terá responsabilidades a cumprir”, explicou o defensor público Thiago Rosas, coordenador do Núcleo.

Conforme o defensor, o trabalho vem sendo construído há aproximadamente oito meses em parceria com o MPF, DPU e Iphan, além de órgãos estaduais como a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Superintendência de Habitação (Suhab) e a própria comunidade.

Durante as conversas, decidiu-se pela permanência das famílias na localidade, mas uma série de medidas serão tomadas a fim de resguardar o patrimônio arqueológico ainda existente no local.

Retirada e salvaguarda dos materiais arqueológicos

Entre as principais medidas adotadas estão a escavação e a remoção das cerâmicas e urnas funerárias ainda presentes no solo onde a comunidade está assentada, bem como a salvaguarda do material.

Esse trabalho será realizado pelos arqueólogos do Museu da Amazônia, em parceria com os indígenas da comunidade, e mediante a anuência do Iphan. Ainda conforme o acordo, um cronograma de atividades será criado, com a finalidade de assegurar o pleno andamento dos trabalhos. Após a remoção dos remanescentes, o processo judicial de reintegração posse será arquivado.

Depois disso, a proposta é que todo o material coletado seja objeto de pesquisas acadêmicas e exposições, assim como servir para fins educacionais.

“Esse resultado é extremamente importante porque pela primeira vez toda a comunidade Nova Vida foi ouvida pelos órgãos, participando ativamente das discussões, e porque conseguimos chegar à solução sem a necessidade da judicialização de um novo processo”, enfatizou o defensor.

Outro aspecto importante destacado por Rosas é que devido à batalha judicial até então existente, os moradores enfrentaram dificuldades para acessar políticas públicas como infraestrutura, educação, saúde e segurança, o que deve mudar significativamente a partir de agora.

“Até pouco tempo não tinha energia elétrica e só agora a água encanada está sendo regularizada. Então, o que estamos fazendo aqui é um típico caso de reforma urbana, porque a área vai ser regularizada e vai se tornar efetivamente um bairro de Manaus”, completou.

Leia mais:
DPE-AM garante reforma de 8 mil apartamentos do Viver Melhor 1 e 2
STF derruba cota de 80% para estudantes amazonenses na UEA
DPE-AM entra com ação contra propaganda de Amazonas Energia

Últimas Notícias

Questão da BR-319 chega a mais um impasse, e obras seguem paradas

O dilema da BR-319 já dura anos, e tem se intensificado desde 2023. A...

Defesa Civil recomenda interdição de parte do Porto de Autazes

Área de embarque e desembarque será deslocada para outro local A Defesa Civil do Amazonas...

A luz do Sol pode transformar água salgada em potável

Engenheiros do MIT, uma das universidades mais renomadas do mundo, desenvolveram um sistema inovador...

Queimadas no Brasil destruíram 22,38 milhões de hectares em 2024

Entre janeiro e setembro de 2024, o Brasil teve 22,38 milhões de hectares destruídos...

Mais como este

Questão da BR-319 chega a mais um impasse, e obras seguem paradas

O dilema da BR-319 já dura anos, e tem se intensificado desde 2023. A...

Defesa Civil recomenda interdição de parte do Porto de Autazes

Área de embarque e desembarque será deslocada para outro local A Defesa Civil do Amazonas...

A luz do Sol pode transformar água salgada em potável

Engenheiros do MIT, uma das universidades mais renomadas do mundo, desenvolveram um sistema inovador...