Um recente levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela um aumento de 15,5% no número de graduados — pessoas ocupadas com ensino superior completo — entre os anos de 2019 e 2022. Esse crescimento, no entanto, é mais acentuado em ocupações que tradicionalmente não demandam esse nível de escolaridade.
O estudo destaca um incremento de 22% no percentual de pessoas com ensino superior atuando como balconistas ou vendedores de loja. Além disso, houve um expressivo aumento de 45% no contingente de profissionais com ensino superior completo desempenhando funções de nível médio de enfermagem.
Os dados também apontam para um aumento de 7,1% no número de ocupados com ensino médio completo, contribuindo para um crescimento global de 4% no total de ocupados. O Dieese ressalta que esse aumento acompanha a ampliação geral da escolaridade na sociedade brasileira.
Trabalhadores de aplicativo
No segmento de motoristas e entregadores por aplicativo, o estudo identificou que, dos 704 mil motoristas de aplicativo, aproximadamente 86 mil possuem ensino superior completo. No grupo de entregadores, dos 589 mil analisados, cerca de 70 mil completaram o curso superior.
A tendência observada reflete o aumento de 14,9% no número de pessoas em idade ativa (14 anos de idade ou mais) com ensino superior completo, equivalente a um acréscimo de aproximadamente 3,7 milhões de pessoas com essa qualificação entre 2019 e 2022.
O crescimento percentual mais expressivo ocorreu no ensino superior, com um aumento de 14,9%, enquanto o ensino médio completo registrou um acréscimo de 5,9% no mesmo período. Já entre os que concluíram o ensino fundamental, houve uma queda de 4,6%. O total de pessoas de 14 anos ou mais aumentou em 2,9%.
Aumento do número de graduados no Brasil
O Dieese destaca que o fenômeno do aumento da escolarização, sobretudo no ensino superior, é uma tendência observada ao longo de vários anos, impulsionada pela expansão das universidades públicas e pelos programas federais de acesso e financiamento às universidades privadas, especialmente a partir dos anos 2000.
Entretanto, o estudo também ressalta as dificuldades enfrentadas por indivíduos com diploma de nível superior ao buscarem empregos compatíveis com sua escolaridade, atribuindo essas questões aos problemas estruturais da economia brasileira, marcada por crises recorrentes e baixo crescimento, principalmente nos últimos anos.
Queda nos rendimentos
No que diz respeito aos rendimentos, o estudo revela uma queda média de 0,5% para o total de ocupados. Aqueles com ensino médio completo enfrentaram uma redução de 2,5%, enquanto os profissionais com ensino superior completo experimentaram uma queda de 8,7%. O rendimento médio global caiu de R$ 2.834 para R$ 2.819, enquanto entre os ocupados com ensino superior completo, os ganhos baixaram de R$ 6.188 para R$ 5.650.
O Dieese enfatiza que esses dados não devem desencorajar pessoas de famílias de baixa renda a buscar o ensino superior. Pelo contrário, a instituição destaca a importância de discutir a necessidade de dinamizar e fortalecer a economia brasileira para gerar empregos mais complexos. Além disso, ressalta a importância de políticas públicas de financiamento para garantir o acesso de pessoas de baixa renda às universidades.
*Com informações da Agência Brasil
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