A Terra Preta da Amazônia (TPA) é um segredo ancestral dos povos indígenas. O uso desse solo rico em nutrientes substitui a adubação das plantas e proporciona o aumento qualitativo e quantitativo das árvores, de acordo com o artigo, publicado originalmente em inglês, “Terras Pretas da Amazônia potencializam o estabelecimento de espécies arbóreas na restauração ecológica das florestas” na revista Frontiers in Soil Science, elaborado por análises apoiadas pela FAPESP no Programa Biota.
Entenda a metodologia de estudo sobre o TPA
Os pesquisadores utilizaram amostras de TPA no cultivo de três espécies arbóreas: cedro-rosa (Cedrela fissilis), angico=amarelo (Peltophorum dubium) e embaúba (Cecropia pachystachya). O objetivo era analisar como as amostras reagiriam à exposição ao solo TPA e os resultados foram impressionantes.
As três espécies sofreram impactos positivos ao contato com o conjunto de bactérias, arqueias, fungos e demais organismos que compõem esse tipo de solo. As mudas de cedro-rosa e angico amarelo expostas a 20% de TPA ficaram 2,1 e 5,2 vezes mais altas do que as não expostas. O resultado é ainda mais impressionante quando a proporção do solo foi de 100%, as mudas cresceram respectivamente 3,2 e 6,3 vezes mais.
Por sua vez, a embaúba não se desenvolveu quando não exposta ao solo TPA. Apenas quando exposta a 100% da terra preta amazônica, a árvore cresceu.
“As bactérias da TPA atuam transformando algumas moléculas do solo em substâncias que podem ser absorvidas pela planta”, afirma Anderson Santos de Freitas, doutorando no Cena e um dos autores do artigo. “Fazendo uma analogia bem rudimentar, daria para dizer que as bactérias atuam como ‘minicozinheiros’, transformando substâncias que a planta não consegue ‘ingerir’ em coisas que ela de fato aproveita”, explica o pesquisador.
TPA pode ser um poderoso aliado na restauração da Floresta Amazônica
O objetivo central do estudo era encontrar maneiras de restaurar as áreas desmatadas da Floresta Amazônica, acelerando o crescimento do replantio das árvores.
“Acreditamos que esses resultados são promissores e mostram que usar as características da TPA na produção de mudas ou mesmo diretamente em campo pode ser uma forma de acelerar os projetos de restauração ecológica de florestas tropicais” afirma Luís Felipe Guandalin Zagatto, mestre em Energia Nuclear na Agricultura e também autor do artigo.
As Terras Pretas da Amazônia são um recurso finito e por isso o grupo de pesquisadores visa identificar as características químicas, bioquímicas e biológicas do solo para recriá-las através das biotecnologias disponíveis.
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