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Exportações brasileiras resistem a tarifas dos EUA e batem recorde em dez anos

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Mesmo com sobretaxas impostas pelo governo Trump, o Brasil diversifica parceiros comerciais na Ásia e América do Sul, garantindo o melhor resultado da década para o período.

As exportações brasileiras demonstraram uma resiliência acima do esperado frente ao cenário desafiador imposto pelas novas políticas comerciais dos Estados Unidos. Apesar do “tarifaço” decretado pelo governo de Donald Trump, o volume de vendas externas do Brasil resistiu e alcançou o maior valor dos últimos dez anos para o período acumulado. Essa performance positiva foi sustentada, principalmente, pela estratégia de diversificação de mercados e pela força de setores especializados que mantiveram seus embarques mesmo com as barreiras tarifárias.

De janeiro a novembro, as exportações brasileiras para o mercado global somaram US$ 317,18 bilhões. Esse montante representa um avanço de 1,8% em comparação ao mesmo intervalo de 2024. A análise do cenário revela que os efeitos negativos das tarifas norte-americanas foram atenuados por dois fatores cruciais. O primeiro foi o redirecionamento das vendas para destinos na Ásia e na América do Sul. O segundo foi a manutenção da demanda americana por produtos brasileiros específicos, cuja necessidade superou o custo extra das taxas.

Além disso, um alívio recente contribuiu para a melhora dos números. No início de novembro, os Estados Unidos recuaram na aplicação da tarifa adicional de 40% para uma lista de mais de 200 produtos, beneficiando especialmente o agronegócio nacional.

Impacto desigual nas exportações brasileiras

Um estudo detalhado realizado pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), lança luz sobre como diferentes setores reagiram. Dos 30 setores que vendem para os EUA, 19 sentiram o golpe, registrando um recuo de 14,5% nas vendas, totalizando US$ 21,2 bilhões.

Por outro lado, 11 setores conseguiram não apenas manter, mas ampliar suas vendas para o país norte-americano. Juntos, esses segmentos somaram US$ 12,9 bilhões em exportações brasileiras, um crescimento de 9,8% em relação a 2024. Esse desempenho ajudou a segurar a queda geral das vendas para os EUA em 6,7% no acumulado do ano.

Daiane Santos, economista da Funcex e pesquisadora da UERJ, explica que o resultado do tarifaço foi assimétrico. Segundo ela, produtos com maior grau de especialização ou vantagem comparativa, como aviões, óleos combustíveis, carne bovina, suco de laranja e geradores elétricos, continuaram sendo comprados pelos americanos. A dependência desses itens fez com que importadores pagassem o preço mais alto. Já os setores que sofreram quedas são, majoritariamente, de commodities ou bens intermediários de fácil substituição.

O fim da dominância americana e a ascensão asiática

O levantamento aponta uma mudança estrutural no destino das exportações brasileiras. A participação dos Estados Unidos, que oscilava entre 13% e 14% em 2024, caiu para uma faixa entre 7% e 8% neste ano após a vigência das novas tarifas. Embora ainda relevantes, os EUA deixaram de exercer a dominância de outrora na pauta exportadora do Brasil.

Em contrapartida, outros parceiros ganharam protagonismo. Julia Marasca, economista do Itaú BBA, observa que as vendas externas do Brasil, excluindo os EUA, estão em franca expansão. A Ásia, puxada por China e Índia, já responde por cerca de 40% das vendas nacionais. De janeiro a novembro, esses dois países absorveram 31,1% das exportações brasileiras, um aumento em relação aos 29,6% do ano anterior.

A América do Sul também se destacou, com a Argentina ampliando sua participação para 5,4%. Novos mercados como Holanda, Itália, Egito e Arábia Saudita também apresentaram crescimento na margem, evidenciando o sucesso da estratégia brasileira de não retaliar diretamente as tarifas americanas, mas sim buscar novos compradores globais.

Perspectivas para a balança comercial

Essa “ginástica comercial” resultou em um saldo positivo para a economia. Até novembro, a balança comercial acumulou um superávit de US$ 57,8 bilhões. As projeções do mercado, segundo o Boletim Focus do Banco Central, indicam um superávit de US$ 62,85 bilhões para o fechamento do ano.

Para 2025, a expectativa é de continuidade no crescimento. As projeções indicam que as exportações brasileiras devem totalizar cerca de US$ 350 bilhões, uma alta de 3,9%, mesmo considerando a manutenção de barreiras comerciais. O saldo comercial, contudo, pode ser ligeiramente menor devido ao aquecimento da atividade econômica interna, que tende a impulsionar as importações em um ritmo mais acelerado, próximo de 8%.

A recuperação observada em novembro, quando a fatia das vendas para os EUA subiu para 9,3% após a suspensão de algumas taxas, sinaliza que o pior momento do choque tarifário pode ter ficado para trás. A capacidade de adaptação do comércio exterior brasileiro prova que a diversificação é o caminho mais seguro para a estabilidade econômica.

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