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Promotor associa advogada à cadela e revolta categoria

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O promotor de Justiça, Walber Luís do Nascimento, associou a advogada criminalista, Catharina Estrella, à uma cadela. A cena ocorreu em sessão do plenário do Tribunal do Júri, no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, em Manaus, na última quarta-feira (13). A fala revoltou a categoria e parlamentares do estado.

“Compará-la, Vossa Excelência, a uma cadela, de fato é muito ofensivo, mas não a Vossa Excelência, à cadela” afirmou o promotor, em vídeo gravado pela própria advogada.  Em seguida, Estrella pede pela ordem durante a sessão de julgamento.

Após o ocorrido, a advogada se pronunciou em redes sociais: “Hoje fui ofendida no meu trabalho. O juiz nada fez para impedir, então aqui está a nossa classe mostrando a unidade e pedindo respeito para que isso não ocorra com outra advogada. Eu não precisava passar por isso no exercício da minha profissão.”

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) informou que vai apurar a conduta do promotor de Justiça. A reclamação disciplinar foi instaurada no mesmo dia do ocorrido por determinação do corregedor nacional do Ministério Público, conselheiro Oswaldo D’Albuquerque.

O promotor rebate a acusação

O promotor também foi às redes sociais para rebater a acusação. Ele afirmou que entrará com medidas judiciais.

“São trinta e dois anos de carreira como Promotor de Justiça e nunca foi demandado por ter ofendido ou destratado qualquer colega advogado. Não vou me curvar a tentativas, seja de quem for, de denegrir a minha conduta profissional. Vou tomar as medidas judiciais cabíveis contra todos que criaram essa narrativa de que eu ofendi uma colega advogada no plenário do Tribunal do Júri”, ressaltou.

Categoria e parlamentares se pronunciam

Em nota, o Ministério Público do Amazonas reafirmou seu compromissa com a defesa dos direitos da sociedade “em especial das mulheres, bem como de todas as advogadas do Estado do Amazonas. Além disso, informa que a Corregedoria-Geral do Ministério Público do Amazonas instaurou reclamação disciplinar com o objetivo de apurar os fatos ocorridos”.
A Ordem dos Advogados do Brasil/AM divulgou nota de repúdio ao caso. “As falas do promotor de Justiça Walber Nascimento são desrespeitosas e revelam um conteúdo preconceituoso. A OAB tomará as medidas cabíveis para proteger as prerrogativas e a dignidade da advogada agredida e seguirá agindo de forma incisiva no combate a comportamentos desse tipo”.
Nota de Repúdio OAB/AM

Parlamentares, como a Deputada Estadual Alessandra Campelo, também utilizaram suas redes sociais para prestar apoio à advogada. “Parabenizo o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na pessoa do conselheiro Oswaldo D’Albuquerque (Corregedor Nacional do Ministério Público), por determinar a instauração de RECLAMAÇÃO DISCIPLINAR contra o promotor que comparou uma advogada a uma cadela durante sessão no 3° Tribunal de Júri”.

Já Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) informou que, a princípio, não irá se pronunciar sobre o ocorrido. E a Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), por meio do presidente Alessandro Gouveia, apresentou total e irrestrito apoio ao promotor.

Promotor já foi condenado em 2010

Walber Nascimento foi condenado pelo TJ-AM, em 2010, pelos crimes de corrupção passiva e perda do cargo público.

Walber chegou a ser afastado do cargo, sob a acusação de ganhar de presente um carro, avaliado em R$ 50 mil, de Flávio Coelho de Souza, também condenado e acusado por tráfico de drogas.

Walber foi condenado a dois anos e três meses de prisão. Mas sua pena foi cumprida com a prestação de serviços à comunidade ou fornecimento de cestas básicas a instituições filantrópicas.

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