Na última segunda-feira (19/06), a Câmara Municipal de Manaus (CMM) promulgou o Projeto de Resolução 005/2022, de autoria do Vereador Professor Samuel (PL), que acrescenta um novo inciso ao artigo 174 do Regimento Interno da Casa. A medida institui a Medalha Leo Blair Halliwell, com o objetivo de homenagear feitos humanitários e sociais. Com essa nova honraria, a CMM chega a um total de 31 medalhas em seu quadro de reconhecimentos.
Entretanto, o acúmulo de tantas medalhas tem suscitado um debate sobre a importância dessas honrarias na Câmara Municipal de Manaus. Enquanto alguns defendem que elas são uma forma de reconhecimento aos cidadãos que contribuem para o desenvolvimento da cidade, outros questionam se a quantidade de medalhas não é excessiva, diluindo a relevância das homenagens.
Tradição
A tradição de conceder medalhas é comum em instituições públicas e privadas, servindo como um símbolo de reconhecimento e valorização de pessoas que se destacam em suas áreas de atuação. No entanto, é importante refletir sobre a efetividade e o propósito dessas honrarias em um contexto em que já existem diversas formas de reconhecimento disponíveis.
Atualmente, existem 31 medalhas, sendo 3 Medalhas de Honra e 27 Medalhas de Ouro, que podem ser concedidas pela CMM a cidadãos excepcionais que tenham prestado serviços à cidade de Manaus, sejam eles naturais do município ou não. Entre as Medalhas de Honra, existem:
- Medalha de Ouro Cidade de Manaus: concedida ao cidadão que houver prestado serviços relevantes à Cidade de Manaus e sua gente por mais de dez anos, sendo esta considerada a maior honraria concedida pela Câmara Municipal de Manaus.
- Medalha de Honra Adriano Jorge: concedida ao cidadão que recebeu uma Medalha de Ouro previamente, mas que continue em conduta irrepreensível, prestando relevantes serviços à cidade de Manaus e sua gente.
- Medalha do Mérito Legislativo Paulo Nasser: concedida a ex-Vereadores da cidade de Manaus.
Além disso, de acordo com o artigo 174 do Regimento Interno da CMM, existem atualmente 27 Medalhas de Ouro que podem ser concedidas a cidadãos que se sobressaírem em serviços relevantes à cidade de Manaus em áreas específicas por, no mínimo, 10 anos:
- Na área de Medicina e Saúde Pública: Medalha Deodato de Miranda Leão.
- Na área de Cultura: Medalha Rodolpho Valle.
- Na área Político-Administrativa: Medalha Walter Rayol.
- Na área de Assistência Social: Medalha Zany dos Reis.
- Na área de Religião: Medalha Dom João da Mata Amaral.
- Na área da Assistência Social ao Menor Carente e ao Excepcional: Medalha André Araújo.
- Na área do Comércio: Medalha Guilherme Moreira.
- Na área da Agricultura: Medalha David Tadros.
- Na área do Serviço Público: Medalha Josué Cláudio de Souza.
- Na área da Indústria: Medalha Antônio de Andrade Simões.
- Na área de Artes: Medalha Ana Carolina.
- Na área do Esporte: Medalha Alfredo Barbosa Filho.
- Na área de Defesa dos Assuntos e Interesses da Amazônia: Medalha Samuel Benchimol.
- Na área de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente: Medalha Shara Ruana.
- Na área do meio ambiente: Medalha Gilberto Mestrinho.
- Na área de Jornalismo: Medalha Joaquina Marinho.
- Na área de Mérito Jurídico: Medalha Altair Ferreira Thury.
- Na área de Mérito Educação: Medalha Garcitylzo do Lago Silva.
- Na área do Cooperativismo: Medalha Dr. Petrúcio Pereira Magalhães.
- Na área da Política Pública Social: Medalha Senador Fábio Pereira de Lucena Bittencourt.
- Na área de Mérito Empresarial: Medalha Phellipe Arce Daou.
- Na área Evangélica: Medalha Pastor Frederick Orr.
- Na área de Mérito Universitário: Medalha Senador Arthur Virgílio Filho.
- Na área Militar: Medalha General Thaumaturgo Sotero Vaz.
- Na área de Honra à Ética: Medalha Senador Jefferson Carpinteiro Peres.
- Na área da Defesa dos Direitos da Mulher: Medalha Vereadora Otalina Aleixo.
- Na área do Turismo: Medalha Luiz Ricardo Tadros.
Críticas
Críticos argumentam que o acúmulo de medalhas pode levar à banalização do gesto de reconhecimento, tornando-o menos significativo. Além disso, há preocupações sobre a imparcialidade na escolha dos agraciados, bem como a possibilidade de que tais honrarias sejam utilizadas com fins políticos, em vez de reconhecerem verdadeiros méritos.
Em contrapartida, defensores da concessão de honrarias a cidadãos específicos afirmam que elas são uma maneira tangível de celebrar e incentivar ações humanitárias e sociais, proporcionando visibilidade e prestígio aos homenageados.
O cientista político e professor universitário Marcelo Seráfico avalia que o excesso de medalhas pode fazer com que algumas honrarias percam o valor simbólico.
“É válido refletir sobre a qualidade e a efetividade dessas medalhas, afinal, quando temos um número tão elevado de honrarias, corremos o risco de diluir o valor simbólico e a significância que elas deveriam ter. […] Temos premiações nacionais e internacionais, títulos honoríficos, condecorações estaduais, entre outras distinções. Portanto, é crucial avaliar se a criação de mais uma medalha é realmente necessária ou se podemos explorar outras alternativas para valorizar e incentivar ações humanitárias e sociais em Manaus”, destacou Seráfico.
Em nota, a assessoria da CMM informou que sempre revisa os critérios de seleção e os processos de concessão das medalhas, a fim de garantir que elas realmente cumpram seu propósito de valorizar e incentivar o trabalho de indivíduos e organizações que contribuem para o bem-estar da comunidade.
Com o número de medalhas crescendo, é necessário buscar um equilíbrio entre o reconhecimento merecido e a possibilidade da banalização das honrarias cedidas pelas diferentes esferas do governo. Afinal, o verdadeiro valor dessas medalhas está na importância que atribuímos a elas, bem como na maneira como são concebidas e concedidas, resguardando a integridade do reconhecimento em benefício de toda a sociedade.
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