Por mais que a Amazônia seja uma floresta quente e úmida, isso não impede que as queimadas, ocasionadas em grande parte pela agropecuária e desmatamento, alastrem-se pela região. Dados de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, até o dia 23 de agosto, o Amazonas já havia registrado 3526 focos ativos de queimadas.
Recorrência de queimadas na Amazônia durante o verão
O maior ano com índice de incêndios no Amazonas foi em 2022, com um total de 21.217 focos.
No caso da Amazônia, como um todo, o total de queimadas, nos primeiros quatro meses do ano, foram 3.577 – época que normalmente é “baixa temporada” nos incêndios florestais, visto que o maior quantitativo ocorre no verão amazônico, entre junho e outubro, quando fazendeiros, grileiros e garimpeiros do Amazonas iniciam o preparo da terra.
Fogo intensificado por fazendeiros no Amazonas
Quando a floresta está mais seca, o fogo é intensificado e os fazendeiros conseguem renovar as áreas agrícolas e para pastagens, queimando ainda os restos da floresta derrubada, depois de seca ao sol.
Segundo Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, o desmatamento na Amazônia não é prejudicial somente pela perda da biodiversidade, como também para as populações que vivem na Amazônia e adoecem com a fumaça, em especial os povos indígenas e comunidades tradicionais que além de sofrer com a fumaça, têm seus territórios invadidos e desmatados.
Impactos na saúde causados pelas queimadas no Amazonas
Estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ONG WWF-Brasil, ressalta que as queimadas na Amazônia elevaram os percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios entre 2010 a 2020. Os estados mais afetados foram: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre.
As queimadas contribuíram com o aumento em até duas vezes para o risco de hospitalização por doenças respiratórias. No caso da saúde no Amazonas, cerca de 87% das internações estavam relacionadas às altas concentrações de fumaça.
Para a pesquisadora Sandra Hacon, da Ensp/Fiocruz, as micropartículas que compõem a fumaça ficam depositadas nas cavidades dos pulmões e agravam os problemas respiratórios: “Elas são um fator de risco para pessoas que já possuem comorbidades. Vemos, portanto, um impacto à saúde e perda da qualidade de bem-estar das pessoas, além do elevado custo econômico das doenças respiratórias para o SUS”, ressalta.
Problemas decorrentes dos incêndios
Os problemas, decorrentes dos incêndios no Amazonas podem se agravar, especialmente em crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças cardio-pulmonares.
Para o pesquisador da Universidade Federal do Pará, Maurício do Nascimento Moura, os danos causados à saúde são preocupantes.
“Além de danos à saúde respiratória, o aerossol de queimada pode causar câncer de pulmão e importantes alterações genéticas a longo prazo, principalmente o aerossol com diâmetro menor que 2.5 micrômetros (material particulado fino), o qual consegue adentrar com mais facilidade no trato respiratório e chegar aos alvéolos pulmonares”.
A poluição do ar e os riscos para a população amazonense
O estudo da Fiocruz traz algumas recomendações ao poder público, como:
- Melhorias nos sistemas oficiais de vigilância e monitoramento em saúde;
- Políticas consistentes de redução do desmatamento e queimadas na Amazônia;
- Desenvolvimento e implementação de programas de vigilância epidemiológica e ambiental efetivos, direcionados à população amazônica exposta aos incêndios florestais;
- Necessidade iminente de esforço preventivo no controle de zoonoses.
Um relatório produzido pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a Human Rights Watch, indica que os mais prejudicados são os povos indígenas da Amazônia, afetando também a sua subsistência.
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