A vazante (seca) dos rios do Amazonas já está impactando municípios e trabalhadores da região. A cidade de Benjamin Constant, na Calha do Alto Solimões, foi o primeiro município a declarar situação de emergência por conta da descida dos rios. Dentre os maiores problemas enfrentados, está a dificuldade de navegabilidade durante o período da seca e os ataques de piratas.
A estiagem afeta principalmente as comunidades ribeirinhas, com escassez de água potável, dificuldades na produção de alimentos e problemas de saúde.
Outro problema é com os piratas do rio. Em 2022, o setor de transporte fluvial de cargas no Amazonas acumulou mais de R$ 20 milhões em perdas, com ataques.
Municípios já sofrem com a seca
De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, até o momento, 23 municípios estão fora da normalidade, devido à estiagem, sendo 1 em emergência, 15 em situação de alerta e 7 em situação de atenção.
- Municípios em Situação de Emergência: Benjamin Constant (Calha do Alto Solimões);
- Municípios em Situação de Atenção: Humaitá, Apuí, Manicoré e Novo Aripuanã (Calha do Madeira); Maraã (Calha do Médio Solimões); Lábrea e Canutama (Calha do Purus).
- Municípios em Situação de Alerta: Guajará, Ipixuna, Envira, Itamarati, Eirunepé, Carauari e Juruá (Calha do Juruá); Boca do Acre e Pauiní (Calha do Purus); Atalaia do Norte, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins (Calha do Alto Solimões).
Ações realizadas
Algumas ações já estão sendo implementadas por órgãos públicos para conter os prejuízos da seca. A Marinha do Brasil restringiu a navegação durante o período noturno em pontos críticos: Passagem do Tabocal (próximo ao município de Urucurituba, a 339 km de Manaus); Enseada (foz) do Rio Madeira (próximo a cidade de Itacoatiara) e Enseada do Rio Purus com o Rio Solimões.
De acordo com a Marinha, a seca nos rios provoca o surgimento de obstáculos para a navegação como pedras, troncos e bancos de areia. A Marinha afirma que a navegação deve acontecer no período diurno, quando a profundidade atingir o valor menor ou igual a 1,5 metros vezes o calado (parte submersa do navio).
Neste primeiro semestre também foram enviados, pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), aos municípios, mais de 9 milhões de frascos de hipoclorito de sódio. O produto previne doenças comuns na vazante dos rios, como a hepatite A, leptospirose, malária e diarreias.
Em nota, a Defesa Civil ressalta que “vem realizado reuniões remotas e presenciais com representantes de vários setores primários, secundários e terciários para discutir, preparar e garantir os serviços essenciais como alimentação, água potável, assistência médica, energia elétrica, segurança e educação para todos os 62 municípios do Amazonas durante o período de estiagem”.
A instituição ainda realiza o monitoramento das previsões climáticas e padrões meteorológicos para esse período e está realizando campanhas educativas sobre economia de água, estocagem de suprimentos essenciais e prevenção de incêndios.
Última seca histórica no Amazonas
Segundo as medições diárias do Porto de Manaus, a mínima histórica do Rio Negro ocorreu em 2010, com 13.63 metros. Seguida por 2005 com 14.75 metros.
2022 também foi considerada uma das maiores secas enfrentadas pelo Amazonas, onde cerca de oito municípios estiveram em situação de emergência; cinco em estado de alerta e 43 em estado de atenção.
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