A bióloga Fernanda Abra, de 37 anos, foi premiada na edição 2024 do Prêmio Whitley, considerado o Oscar da Conservação da Natureza. Reconhecida por seu trabalho pioneiro no “Projeto Reconecta”, Fernanda constrói pontes de dossel para animais silvestres em áreas afetadas por rodovias no Brasil.
O projeto, desenvolvido com apoio do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), visa restaurar a conectividade da floresta para a vida selvagem. Na rodovia BR-174, que corta a Floresta Amazônica, Fernanda e sua equipe construíram 30 pontes artificiais na copa das árvores. Essas estruturas foram utilizadas por oito espécies arbóreas em 2022, incluindo o sagui-de-mão-dourada, importante para os Waimiri-Atroari, comunidade indígena local.
A bióloga, também pesquisadora associada do IPÊ e professora da ESCAS (Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade), colabora em projetos que visam proteger a fauna silvestre do impacto das rodovias. Segundo ela, o Brasil, com sua vasta biodiversidade, enfrenta desafios significativos de conservação, especialmente devido à expansão da malha rodoviária.
As pontes de dossel, construídas com materiais simples e de baixo custo, representam uma solução eficaz para mitigar os impactos das rodovias na vida selvagem. O projeto de Fernanda demonstrou ser um modelo viável e econômico, podendo ser replicado em outras regiões da Amazônia e em biomas florestais do Brasil.
Com 40% das espécies de primatas ameaçadas de extinção no Brasil, a fragmentação das florestas e os atropelamentos em rodovias são algumas das principais ameaças enfrentadas pela fauna. O reconhecimento internacional do trabalho de Fernanda destaca a importância de abordagens inovadoras e sustentáveis na conservação da natureza em um país com uma vasta rede rodoviária.
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