O governador Wilson Lima apresentou, nesta terça-feira (16/12), em Manaus, um modelo pioneiro de casas sustentáveis produzidas a partir de resíduos plásticos reciclados. Durante o evento, também foi inaugurado o Centro de Reciclagem da Defesa Civil do Amazonas. A iniciativa faz parte do Projeto Amazonas Ecolar, que transforma lixo plástico em blocos construtivos de alta resistência, aliando proteção social e inovação ecológica.
Segundo o governador, o lançamento representa mais do que uma estrutura física, sendo uma solução habitacional inédita no país. O objetivo é atender famílias que vivem em áreas de risco e, simultaneamente, reduzir a poluição nos rios e igarapés da região.
“O que nós estamos trazendo aqui não é apenas uma estrutura. É uma solução. Uma ideia que cuida das pessoas, protege o meio ambiente e pode ser replicada em outros estados. Estamos mostrando que é possível enfrentar dois grandes desafios ao mesmo tempo: a habitação e a destinação correta dos resíduos”, destacou Wilson Lima.
Tecnologia e rapidez nas casas sustentáveis
As unidades habitacionais apresentadas possuem cerca de 50 metros quadrados, divididos em dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O método construtivo utiliza blocos de plástico reciclado que se encaixam como peças de montar, permitindo a conclusão da obra em até cinco dias.
Além da agilidade, as moradias oferecem alta durabilidade e conforto térmico, características essenciais para o clima amazônico. A tecnologia é baseada em uma solução desenvolvida pela empresa colombiana Conceptos Plásticos. O investimento total no projeto, que inclui a transferência de tecnologia e maquinário, é estimado em R$ 11 milhões.
Além de residências, o material produzido no novo Centro de Reciclagem permitirá a construção de equipamentos públicos, como escolas, centros comunitários e postos de fiscalização.
Ciclo econômico e impacto social
O Centro de Reciclagem da Defesa Civil terá capacidade inicial para processar mais de 80 toneladas de plástico por mês, volume suficiente para produzir até dez casas mensais. A matéria-prima será adquirida diretamente de cooperativas e associações de catadores, fortalecendo a economia circular e gerando renda.
Pablo Oliveira, superintendente do Instituto do Clima e Meio Ambiente (ICMA), reforçou a importância econômica da iniciativa para os trabalhadores da reciclagem. “A integralização é feita por meio da agregação das cooperativas. Com pontos de coleta diversificados em Manaus, isso vai gerar renda, organização e sustentabilidade. O material será retirado diretamente do meio ambiente pela ação do catador”, afirmou.
Anteriormente, grande parte do plástico coletado no Amazonas precisava ser enviado para outros estados, gerando altos custos logísticos. Agora, todo o ciclo será realizado localmente.
Projeto piloto em Iranduba
A primeira etapa do Amazonas Ecolar prevê a construção de 25 casas sustentáveis no município de Iranduba. As unidades servirão como projeto piloto, com previsão de entrega até março de 2026. Após essa fase, o modelo poderá ser expandido para outras localidades da capital e do interior do estado.
O projeto já havia sido apresentado pelo governador durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), posicionando o Amazonas como protagonista no debate internacional sobre adaptação climática.
A solenidade de inauguração contou com a presença de representantes da Defesa Civil de São Paulo e Rondônia, deputados estaduais, vereadores, além de membros da Abraciclo, Fecomércio-AM, Fieam, CDL Manaus e da Receita Federal.
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