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Explicando: nova onda de protestos ameaça governo Macron

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Uma onda de distúrbios abalou a França nos últimos dias, levando o país a enfrentar sua crise mais grave em 18 anos. Os protestos, que se estenderam até o Palácio do Eliseu, alteraram a agenda do presidente Emmanuel Macron e geraram um clima de forte apreensão em toda a Europa.

Os protestos tiveram início após o assassinato de Nahel M., um jovem de 17 anos, durante uma blitz policial em Nanterre, um subúrbio de Paris. O policial envolvido no incidente foi preso e alegou que atirou em Nahel, que dirigia acima do limite de velocidade, por medo de que o jovem atropelasse alguém com o carro. Atualmente, o policial enfrenta uma investigação formal por homicídio e está em prisão preventiva.

Os manifestantes, indignados com a morte de Nahel e pelo preconceito racial no país, carregavam cartazes com mensagens como “a polícia mata”. Centenas de prédios governamentais foram danificados durante os protestos, ampliando ainda mais a raiva e a tensão no país.

As noites sucessivas de violência se espalharam por toda a França e seus territórios ultramarinos, o que levou as autoridades francesas a lançarem uma repressão a partir de 1° de julho. Até o dia 6 de julho, mais de 2.500 edifícios e 12.000 carros haviam sido incendiados, e cerca de 3.500 manifestantes foram detidos pela polícia.

Comunidade internacional

Além das consequências sociais e políticas, há um receio de que os distúrbios prejudiquem a temporada turística do país, especialmente considerando a proximidade dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Países como Reino Unido, Alemanha, Noruega e outros alertaram seus cidadãos na França para evitarem áreas de tumulto e tomarem precauções extras.

A socióloga e professora Karen Dantas, que vive em Lyon, na França, há 5 anos, avalia que a onda de protestos é apenas a explosão de um problema que é negligenciado pelo governo Macron desde sua gênese.

“Essa nova onda de protestos na França é somente mais um reflexo da crise social e racial profunda que tem sido negligenciada por Macron por tempo demais. […] A morte trágica de Nahel e a reação violenta dos manifestantes são uma resposta quase óbvia às tensões e desigualdades presentes na sociedade francesa que foram pouco afetadas por qualquer um dos governantes franceses da atualidade. Macron precisa enfrentar o preconceito racial e repensar as práticas policiais imediatamente, incentivando diálogos significativos e medidas concretas para mostrar à toda a comunidade internacional que seu compromisso com a união do país é tão real quanto ele está sugerindo”, diz a socióloga.

Remoção de postagens nas redes sociais

Em meio à onda de distúrbios que abala a França, o presidente Emmanuel Macron apontou para o papel das redes sociais na amplificação dos protestos e pediu que as empresas de mídias sociais exerçam um “senso de responsabilidade”.

Macron destacou que postagens no Snapchat e TikTok desempenharam um papel significativo na disseminação de mensagens incendiárias e pediu a remoção de conteúdos que incitam a saques e à prática de violência contra as autoridades francesas.

Enquanto Macron expressou preocupação sobre o papel das redes sociais, o ministro da Justiça, Éric Dupond-Moretti, sugeriu a adoção de medidas legais para identificar e responsabilizar aqueles que usam plataformas de mídias sociais para organizar atos ilegais. Ele enfatizou a necessidade de levar esses indivíduos aos tribunais para enfrentarem as consequências de suas ações.

Em resposta às sugestões do ministro, Macron ponderou que medidas legais extremas não podem ser tomadas “no calor do momento”, e que é importante adotar uma abordagem equilibrada, que considere tanto a necessidade de segurança pública quanto o respeito aos direitos civis dos cidadãos.

As declarações do governo francês acabaram inflamando ainda mais a população, que acusou o presidente francês de tentar implantar uma forma de censura nas mídias sociais, e de ferir o direito à liberdade de expressão que todo cidadão francês possui.

Crowdfunding

Em meio à onda violenta de protestos, uma campanha de crowdfunding foi lançada para arrecadar dinheiro para a família do policial envolvido no caso, que arrecadou mais de 1,4 milhão de euros (R$ 7,37 milhões) até o dia 6 de julho. Ao mesmo tempo, uma iniciativa semelhante para a família da vítima, Nahel M., arrecadou € 352.000 (R$ 1,88 milhões).

A França agora busca maneiras de lidar com essa crise social e restaurar a calma no país, buscando respostas e medidas para combater o preconceito racial e a violência policial, ao mesmo tempo em que enfrenta o desafio de preservar sua reputação internacional já fragilizada pela crises constantes da gestão Macron.

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