O Projeto Stem Criar, uma iniciativa inovadora desenvolvida pela UEA e Samsung, está redefinindo o acesso à tecnologia para estudantes do ensino médio no Amazonas. Lançado em dezembro de 2023, o programa é fruto de uma parceria estratégica entre a Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA) e a Samsung, e já impactou mais de nove mil jovens, levando conceitos práticos da Indústria 4.0, como impressão 3D, robótica, programação, eletrônica e inteligência artificial, diretamente para as escolas.
A proposta atua tanto na capital quanto no interior do estado, visando preencher uma lacuna de conhecimento fundamental em uma região que sedia um dos maiores polos industriais do país.
Da indústria de Manaus à sala de aula
A inspiração para o projeto, segundo Luiz de Oliveira, bolsista e estudante de Engenharia de Controle e Automação da UEA, surgiu de uma constatação simples, mas alarmante: muitos alunos, mesmo vivendo em um polo industrial como Manaus, desconheciam ferramentas e conceitos básicos que movem a indústria moderna.
“O objetivo é apresentar de forma prática como a tecnologia está presente na indústria e no dia a dia”, explica Luiz. “Nós levamos noções de eletrônica, robótica e automação, com aulas que estimulam o aprendizado e a curiosidade.”
Um laboratório sobre rodas
O grande diferencial da iniciativa é seu laboratório móvel: uma carreta totalmente equipada que se transforma em uma sala de aula sobre rodas. Com mesas, cadeiras, impressoras 3D de última geração e kits de robótica, o veículo percorre as escolas, proporcionando um ambiente de imersão tecnológica que muitas unidades de ensino não teriam como oferecer.
Cada turma, que pode ter até 40 alunos, aprende “colocando a mão na massa”. Eles montam protótipos funcionais, como um robô manipulador e um carrinho que pode ser controlado remotamente via tablet ou celular, aplicando diretamente os conceitos vistos nas oficinas.
A expansão da parceria UEA e Samsung pelo interior
O Projeto Stem Criar demonstra um forte compromisso com a interiorização do conhecimento, alcançando jovens em regiões onde o acesso à tecnologia é, historicamente, mais limitado.
Além de Manaus, o programa já marcou presença em 14 municípios: Codajás, Tefé, Tabatinga, Eirunepé, Boca do Acre, Lábrea, Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Parintins, Iranduba, Manacapuru, Careiro, Apuí e Humaitá.
“A gente já capacitou mais de nove mil alunos, tanto na capital quanto no interior”, destaca Luiz de Oliveira. Ele explica que a metodologia é padronizada para garantir a qualidade em todas as localidades: “Cada unidade da UEA tem um professor mentor que orienta as turmas locais, com o mesmo material e metodologia”.
O conhecimento gerado na UEA
O sucesso do projeto reside também em sua abordagem multidisciplinar. A metodologia e os materiais didáticos são desenvolvidos integralmente dentro da própria UEA. Estudantes bolsistas de diversos cursos – não apenas das engenharias, mas também de áreas como pedagogia e biologia – colaboram ativamente.
Eles participam desde a concepção dos kits didáticos e o desenvolvimento dos circuitos eletrônicos até a elaboração dos manuais usados nas aulas.
“Tudo foi desenvolvido por nós, desde o projeto dos circuitos até a fabricação das peças e a montagem dos protótipos”, orgulha-se o bolsista. “A ideia é que o aluno compreenda como a tecnologia pode ser criada e aplicada na prática.”
Com uma carga horária flexível, que se adapta à realidade e disponibilidade de cada escola, o projeto permanece, em média, um mês em cada unidade de ensino. O impacto, no entanto, dura muito mais. Para muitos jovens, é o primeiro contato com ferramentas que abrem portas para carreiras no setor tecnológico e industrial, um pilar vital para o futuro do Amazonas.
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