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Roubo de fios em Manaus avança do vandalismo ao crime organizado

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O roubo de fios em Manaus evoluiu para uma indústria milionária que causa apagões digitais, caos no trânsito e prejuízos aos cofres públicos.

O roubo de fios em Manaus deixou de ser um problema de segurança pontual para se tornar uma crise sistêmica de infraestrutura urbana. Entre 2021 e 2025, a capital amazonense testemunhou a transformação desse delito: o que antes era praticado por indivíduos em situação de vulnerabilidade para venda rápida, hoje é operado por organizações criminosas sofisticadas, equipadas com logística de transporte e conhecimento técnico especializado.

A motivação é puramente econômica, impulsionada pela valorização global do cobre. No entanto, o custo para a sociedade manauara vai muito além do valor do metal subtraído. A cidade enfrenta um cenário de “fricção urbana”, onde a retirada ilegal de cabeamento compromete semáforos, iluminação pública, escolas, unidades de saúde e a conectividade de toda a metrópole.

O impacto no cotidiano: trânsito e escuridão

Quem trafega pelas zonas Norte e Leste da cidade já sentiu os efeitos diretos dessa prática. O Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) relata uma batalha constante para manter a rede semafórica operante. Cruzamentos vitais, como os das Avenidas Autaz Mirim e Noel Nutels, tornaram-se alvos recorrentes. A extração da fiação desativa os controladores eletrônicos, obrigando agentes de trânsito a operarem manualmente os sinais, desviando recursos humanos e aumentando drasticamente o risco de acidentes fatais à noite.

A escuridão também avança sobre áreas de lazer. O Complexo Turístico da Ponta Negra, cartão-postal da cidade, registrou o furto de quase 600 metros de cabos em um único ano, exigindo reposições milionárias que consomem o orçamento que deveria ser destinado à expansão da rede de LED para outros bairros.

O “apagão digital” e a sofisticação do crime

O episódio mais alarmante dessa escalada ocorreu em fevereiro de 2024, ilustrando a fragilidade da infraestrutura moderna diante do roubo de fios em Manaus. Na ocasião, criminosos acessaram galerias subterrâneas no Centro Histórico e cortaram cabos de fibra óptica de alta capacidade. A ação, que durou poucos minutos, deixou cerca de 95% da cidade sem internet, paralisando bancos, comércios e hospitais.

Investigações da Delegacia Especializada de Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD) revelaram que não se tratava de amadores. As quadrilhas atuais utilizam uniformes de empresas de telefonia, cones de sinalização e veículos adesivados para simular manutenções legítimas à luz do dia, uma tática de “engenharia social” que dificulta a denúncia por parte da população.

Serviços essenciais na mira

A ousadia dos criminosos não poupa nem mesmo as instituições mais sensíveis. Escolas municipais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) enfrentam interrupções frequentes. Em casos documentados, alunos ficaram sem aulas e vacinas correram risco de perda devido ao desligamento da rede de frios provocado pelo furto de cabos e até de medidores de energia. A própria sede administrativa da prefeitura já teve suas atividades suspensas após o roubo de cabos de média tensão, travando serviços burocráticos essenciais ao cidadão.

Combate ao roubo de fios em Manaus: a guerra contra a receptação

Diante da ineficácia de prender apenas o “extrator” na ponta da linha, as autoridades mudaram a estratégia. Operações integradas como a Hefesto e Sucata passaram a focar no coração financeiro do crime: os receptadores. A lógica é simples: se não houver quem compre, não haverá quem roube.

O Estado do Amazonas endureceu a legislação com a Lei Estadual nº 6.653/2023. A nova norma permite não apenas multas pesadas, mas o cancelamento da inscrição estadual de ferros-velhos e sucatas flagrados com material de origem ilícita, decretando a “morte civil” dessas empresas e impedindo que seus sócios abram novos negócios no ramo.

Enquanto a batalha legislativa e policial avança, a cidade segue em alerta. A proteção da infraestrutura de Manaus tornou-se uma prioridade de segurança pública, exigindo vigilância constante para evitar que a capital da Amazônia fique, literalmente, no escuro.

Acompanhe o vídeo de um crime ocorrido no bairro de Flores

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